CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

7.1.11

Luís Carlos Guimarães (1934-2001) – Nasceu em Currais Novos/RN. Poeta, Jornalista, Juiz de Direito e professor universitário. Publicou O Aprendiz e a Canção (1961); As Cores do Dia (1965); Ponto de Fuga (1979); O Sal da Palavra (1983); Pauta de Passarinho ( 1992); A Lua no Espelho (1993); O Fruto Maduro (1996) e 113 traições Bem-intencionadas (1997).

POEMA LÍRICO

(fragmento)

No meu poema lírico

a noite vestia-me de solidão

e a morte falava na voz do vento

com inumeráveis bocas de sombra.

Envolvia numa linguagem de silêncio

o amado corpo de anêmona da amada.

O mar era uma canção molhada em seus ouvidos,

verde sonolência em seus olhos.

Uma rosa demente de sol

gorjeava nas trevas repousadas

dos cabelos da amada no meu poema lírico.

Vi o pássaro mensageiro de tempestades,

anunciador de eclipses da lua,

incendiário de primaveras

e cantei sua morte prematura

num epitáfio de vôos e distâncias.

Janeiro chegava bêbado de azul

nas crinas de um soneto

que rimava tarde com arde

no meu poema lírico.

A rosa estava morta na mesa,

fria, intacta, alheia

ao olhar que a consumia,

à mão que lhe feria a carne,

à boca que a chamava rosa.

Rosa: ilha, incêndio, canção

no meu poema lírico.

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