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Sávio Ximenes Hackradt

4.7.11


Matéria divulgada no portal IG, no dia 03 de julho de 2011, traz análise do IBOPE sobre comportamento dos candidatos durante os programas eleitorais
Do Ibope
Como os programas eleitorais contribuíram para que o afilhado político do ex-governador José Serra, o até então democrata Gilberto Kassab, fosse eleito prefeito de São Paulo em 2008? 

O IBOPE responde esta e outras perguntas no estudo "Os programas eleitorais importam?", que será divulgado nos próximos dias.

A analista de pesquisas do instituto Fernanda Rosa acompanhou 57 programas da campanha à prefeitura de São Paulo de 2008. 

Ela se debruçou sobre as inserções do 1º turno de Kassab, Geraldo Alckmin (PSDB) e Marta Suplicy (PT). É a primeira vez que o IBOPE faz esse tipo de estudo.

Segundo Fernanda, em três meses de programas, a desvantagem de Kassab, que “era uma página em branco”, por não ser tão conhecido da população, foi convertida.

Como? “Os três candidatos tinham as mesmas propostas, mas o Kassab conseguiu se sobressair porque soube usar aspectos de sedução, de carisma e de ataque. Ele era uma página em branco e construiu sua imagem com os programas de televisão”, explicou ela ao Poder Online.
Poder Online – Podemos afirmar que o prefeito Gilberto Kassab, que começou a disputa em 3º lugar, foi eleito com 61% dos votos, no segundo turno, por causa dos programas eleitorais? 

Fernanda Rosa - Não podemos afirmar que foi por causa dos programas eleitorais que o Kassab ganhou as eleições. 

Como só estudei os programas eleitorais, não tenho como dizer que os outros elementos da campanha eleitoral não contribuíram para ele ganhar. 

É claro que é muito visível que ele começa a crescer nas pesquisas quando começam os programas. Mas ele também estava nas ruas, no rádio. 

Existem outros elementos que também contribuíram para a vitória. O ideal é falar como o programa eleitoral contribuiu para que ele ganhasse.

Poder Online – E como contribuíram?

Fernanda Rosa - Foi uma conjunção de fatores. O Kassab usou mais aspectos emocionais na campanha do que o Geraldo Alckmin e a Marta Suplicy. 

Tinham, por exemplo, médicas chorando, pessoas agradecendo pelos CEUs, pelas AMAs. Ele usou mais carisma. 

Muito mais do que os outros. Para passar a imagem de que era amado, bem quisto. Ele também fez mais ataques e se comparou mais com os adversários.
Poder Online – Ele tinha elementos para isso? Já que não era tão conhecido e estava à frente da prefeitura só há dois anos, desde que o ex-governador José Serra havia deixado o cargo para disputar as eleições de 2006. 

Fernanda Rosa - O Kassab era uma página em branco. A Marta era ex-prefeita com grande apoio na periferia, mas com uma rejeição muito forte nas classes mais altas. 

O Alckmin era um ex-governador com renome, que era lembrado. O Kassab não tinha muitos problemas porque não era conhecido. 

E ele se apropriou de tudo que Marta tinha feito. Usando um discurso de que “bom prefeito é aquele que dá continuidade a coisas boas”, ele começou a divulgar as ações da Marta. 

E ela ficou sem discurso porque era o Kassab quem falava do CEU, do Bilhete Único e de todas as coisas que ela tinha feito.
Poder Online – O estudo também mostra que o Kassab conseguiu se sobressair porque soube usar a sedução e o carisma.

Fernanda Rosa - Os três candidatos tinham as mesmas propostas, mas o Kassab conseguiu se sobressair porque soube usar aspectos de sedução, de carisma e de ataque. 

Como não tinha nada que o depreciasse a priori, ele foi construindo uma imagem a partir de uma apropriação das políticas que já tinham sido feitas e usando o discurso de continuidade e de aperfeiçoamento dessas políticas. 

A quantidade de ameaças que ele fazia também contribuiu bastante. O discurso que embalou a campanha de Kassab foi “está bom, então por que mudar? 

Alguém que fez tudo isso em dois anos fará muito mais em quatro”. Nesse aspecto, com certeza o programa de televisão construiu a imagem dele.
Poder Online – Como surgiu a ideia de analisar os programas eleitorais?

Fernanda Rosa - Durante as eleições, a principal ferramenta para nós que trabalhamos em institutos de pesquisas são as pesquisas de opinião. São elas que nos fazem entender o contexto eleitoral. 

Com esse estudo, a ideia é mostrar que é possível entender melhor esse contexto. 

E também mostrar que é possível fazer esse tipo de estudo durante as eleições – as análises, normalmente, são feitas no período pós-eleição. 

Vendo e codificando os programas eleitorais de televisão, é possível fazer uma análise do que está acontecendo. 

É mais uma ferramenta à disposição para entendimento do contexto eleitoral, que hoje está sendo usada no meio acadêmico, mas que institutos de pesquisas não costumam fazer.
Poder Online – Essa nova ferramenta pode ser adotada pelo IBOPE a partir das próximas eleições?

Fernanda Rosa - Ainda não temos nada programado. Ela pode ser usada, mas não posso afirmar que será usada porque demanda mais tempo e também uma estrutura própria para isso. 

Mas continuar analisando os programas de televisão é super importante porque, apesar de parecer que todas as pessoas têm acesso à internet, isso não é verdade. 

Grande parte da população ainda continua usando os programas eleitorais para decidir qual será o seu candidato.

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