4.12.12
Postado por
Sávio Hackradt
Estudos feitos no Brasil, Uruguai
e Paraguai indicam que políticas públicas de combate à pobreza são
insuficientes para melhorar as condições de trabalho de mulheres na América
Latina. Os dados mostram que a falta de atenção à divisão dos horários de
trabalho por sexo nas famílias perpetua a dupla jornada feminina ou o excesso
de dedicação a atividades não remuneradas.
Agência Brasil
As pesquisas foram apresentadas
ontem (3) durante o seminário Do Combate à Pobreza às Políticas Públicas de
Igualdades: um Debate Pendente, organizado pelo Centro Feminista de Estudos e
Assessoria (Cfemea). O levantamento brasileiro aponta que, em 2011, as mulheres
colaboraram com 27 horas semanais em serviços domésticos, enquanto os homens
dedicaram 11 horas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
No Uruguai, as jovens de classe
mais baixa dedicam pelo menos seis horas a mais por dia a atividades sem
remuneração, do que homens da mesma faixa etária e classe social. Segundo dados
de 2008 do Instituto Nacional de Estatística, do Fundo de Desenvolvimento das
Nações Unidas para a Mulher e da Universidad de la Republica, as mães de
crianças com até 6 anos dedicam uma média de 57 horas semanais a atividades não
remuneradas.
Já no Paraguai, em 2012, enquanto
a taxa de desemprego masculina é de 4,4%, a feminina chega a 7,4%. Entre os
jovens de 18 a 24 anos, o índice é de 12,6% para homens e 16,9% para mulheres.
Junto aos menores níveis de renda de acordo com a atividade econômica, 45,2%
das mulheres não têm renda própria, enquanto os homens sem renda somam 13,8%.
No setor rural, o número de paraguaias sem renda alcança 61,1%.
Para a coordenadora do Cfemea,
Nina Madsen, apesar dos avanços no acesso das mulheres ao mercado de trabalho,
elas ainda são as mais prejudicadas quando o assunto é pobreza. “O
enfrentamento da pobreza não vai ser eficiente e sustentável se não começar a
olhar para as mulheres e para a diversidade da população pobre, considerando as
desigualdades. A pobreza não pode ser só insuficiência de renda e não pode ser
solucionada a partir desse paradigma. Ela precisa ser entendida como um
conjunto muito mais amplo de insuficiências”, explicou.
Segundo Nina, o cenário é
semelhante não apenas no Brasil, Uruguai e Paraguai, mas em toda a América
Latina, já que a divisão sexual do trabalho é estruturante das sociedades
ocidentais como um todo. “No Brasil, essas políticas têm uma amplitude muito
grande. Há um volume imenso de recursos. A política de enfrentamento à pobreza
e o Programa Bolsa Família, em particular, são realmente muito poderosos, se
você coloca em um panorama regional.”
Para a coordenadora do Instituto
Feminista para a Democracia (SOS Corpo), Maria Betânia Ávila, políticas de
combate à pobreza são fundamentais, mas precisam estar associadas a políticas
de qualificação social e de proteção social. Essas causas, de acordo com a
especialista, são capazes de influenciar na diminuição da pobreza e também na
estruturação de qualidade de vida para a população, por se tratarem de medidas
estruturais.
“Nesses programas, as mulheres
ainda aparecem como centro das políticas, no sentido de que as políticas ainda
se apoiam nelas como mães, como sustentadoras da vida cotidiana. Isso é uma
contradição, um paradoxo”, disse. “As crianças e os jovens precisam de
políticas que garantam seu futuro, mas as mulheres precisam também de políticas
que as considerem como indivíduos, como cidadãs, para construírem suas possibilidades
de vida, sua realização no presente e sua proteção social no futuro”,
completou.
Estação Música Total
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