20.12.12
Postado por
Sávio Hackradt
Discurso do advogado e escritor
Carlos Roberto de Miranda Gomes
No decorrer da existência, passei
por três etapas fundamentais, onde pude assistir no palco da vida alguns fatos
ligados à convivência entre as pessoas.
O primeiro momento, eu era
ainda muito jovem. Entrei na Faculdade de Direito da velha Ribeira no período
mais grave da história recente do governo de exceção (1964-1968). Recém casado
e pai, não pude me engajar nos movimentos políticos de então, nem na esquerda
nem na direita, mas convivi com os percalços e com a fuga forçada de alguns
contemporâneos. Fiz apenas o meu papel de estudante, aliviando os problemas dos
colegas, que também me atingiam, postulando, com êxito, a realização das provas
perdidas com as greves, de forma a que ninguém fosse prejudicado.
Num segundo momento, já em
pleno exercício profissional e no esplendor da minha capacidade laborativa, fui
eleito Presidente da OAB/RN, num pleito memorável, pois consegui a vitória
contra um poderoso advogado, ex-governador do Estado e, por isso, obrigado a
realizar uma correta administração. Foi aí que tive maior contato com a
realidade e tomei a iniciativa de publicar um MANIFESTO para a criação de um
movimento em favor dos oprimidos e perseguidos, que teve o nome de COMITÊ EM
DEFESA DA VIDA, que assim se iniciava:
“Ninguém será submetido a tortura,
nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”(art. V da Declaração
Universal dos Direitos do Homem- ONU 10/12/48) a que corresponde o art. 5º,
III, da Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor.
Esse Comitê foi instalado em
sessão histórica, reunida a sociedade civil organizada, aproveitando a data da
conquista da Lei nº 6.683 – Lei da Anistia, de 28 de agosto de 1979. Nesse ato
colhemos o depoimento de quase todos os que responderam inquérito policial-militar
e o registro foi feito em filme pelo Centro de Direitos Humanos e Memória
Popular, tendo à frente o, igualmente jovem, Roberto Monte.
Dizíamos: “DENTRO DESTE ESPÍRITO, CONCLAMAMOS TODA A SOCIEDADE
NORTE-RIO-GRANDENSE a cerrar fileiras na luta contra a violência e a
impunidade, respaldando e acompanhando as denúncias, visando a desestimular
essas ações, MEDIANTE A PUNIÇÃO EXEMPLAR
DOS CULPADOS, inclusive com divulgação das apurações dos fatos ocorridos,
para que se coíba, de uma vez por todas, a permanência dessa indignidade, que é
uma vergonha à civilização”.
O final do MANIFESTO transcrevia parte do Estatuto do Homem, do poeta THIAGO DE MELLO:
“Fica decretado que agora vale a
verdade, que agora vale a vida, e que de mãos dadas, trabalharemos todos pela
vida verdadeira.! (Art. I).
Nosso esforço colheu alguns frutos
e durou por mais dois mandatos, depois foi esquecido e eu cheguei a perder a
fé.
Agora, vivo o terceiro
momento, quando o outono povoa o meu ser, já alquebrado pelos primeiros sinais de
velhice, recebo o convite da Magnífica Reitora para Presidir a Comissão da
Verdade da UFRN, calcada nos objetivos da Lei Federal nº 12.528, de 18/11/2011,
ofertando-me a última oportunidade de colaborar para a restauração da verdade
histórica dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e possibilitar
reparações de injustiças.
Assumo o encargo com coragem, mas
sem ódio. Não quero perder o meu resto de tempo com revanchismo. Pretendo, com
a inestimável colaboração dos nobres integrantes deste Colegiado, que
representam vetores diversos da sociedade civil, conduzir os trabalhos dentro
da racionalidade e, sobretudo da verdade dos fatos, para alentar, ainda,
aqueles que tiveram o seu destino marcado e os seus ideais postergados, mas que
não perderam a capacidade de se indignar com os atos de força e a sonhar com
uma esperança verdadeira de reparação.
A data de instalação desta
Comissão coincide com os 52 anos da federalização da nossa Universidade, que
fora criada em 25 de junho de 1958 e instalada em sessão solene no Teatro
Alberto Maranhão, a 21 de março de 1959.
Concluo dizendo:
“FOI DECERETADO QUE AGORA SÓ VALE
A VERDADE”.
SÓ DEPENDE DE NÓS!
O b r i g a d
o.
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
18-12-2012
Estação Música Total
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