CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

22.5.11


Sociedade, Meio Ambiente e Cidadania
Artigo
Marígia Tertuliano é Profª. da UNP
Foto Marígia

Foto Marígia
Conheci o Seridó do Rio Grande do Norte atuando nas áreas de meio ambiente e planejamento agrícola. Ao longo de dois anos, discutindo com a sociedade sobre educação ambiental. Pude perceber que essa é uma região diferente e que isso é consequência do sentimento de pertencimento que há naqueles que lá nasceram ou habitam.
O seridoense esbanja receptividade, alegria e amor. E dessa maneira encanta a todos que convivem e bebem dessa singular vocação. Esse sentimento é refletido no orgulho pela cultura, na solidariedade entre as pessoas e no poder mobilizador da participação política em ações coletivas.
Acari é uma das vinte e quatro cidades do Seridó, onde a cultura e a beleza paisagística, a receptividade à história, às práticas diferenciadas, seja na agricultura ou na participação social, encanta à primeira vista.
Foi nesse município que conheci e que sempre me encantou, seja pela arquitetura, pela beleza paisagística, pelo belíssimo Açude Gargalheiras, que está sangrando, ou pela consciência coletiva quanto à higienização da cidade – o município é considerado o mais limpa do país- que ganhei muitos amigos.
E é nesse clima de amizade que há nove anos, os acarienses se encontram para celebrar a vida, revendo amigos, contando suas histórias ao som de muito forró, em diferentes cidades do Sudeste Brasileiro. Nesse ano, o encontro foi realizado no município de Guarulhos e mobilizou em torno de trezentos participantes.
Pois, bem!
Fui convidada a participar do encontro e aceitei com muita alegria, uma vez que voltaria a “trocar olhares” com aquela cultura.
Senti-me em casa quando Sr. Paulo Viana me recebeu gentilmente. Prontamente guardou minha mala - sim, eu tinha uma mala, uma vez que de lá iria para o aeroporto, como os demais que vieram da cidade mãe, especialmente para o evento - e integrou-me ao grupo. Estava, literalmente, na Feirinha da Festa de Santana.
Conheci muita gente, todos devidamente identificados pelos nomes das famílias - Jesus de Miúdo; Chico Acari; Vicentinho; Marcelo de Zé de Emídio; Zezé de Marinês de Agnelo, entre outros. Lembrei-me da minha Nova Floresta, no interior da Paraíba, onde o meu nome ganha pompa - a neta de Zé Barreto.
Fiquei feliz com os regionalismos, uma vez que o encontro resgata valores que fazem um contraponto às teorias postas pela pós-modernidade - há quem afirme a perda da identidade da sociedade; a individualidade generalizada; a quebra das tradições, entre outros. O meu olhar dizia que os acarienses queriam ir de encontro a esses paradigmas, fazendo exatamente o contrário. Os encontros quebram as fronteiras integrando pessoas, com festas e saudosismos, e os diferenciam  na forma e na maneira de interagir com o outro, onde a alteridade está presente nos relatos daqueles que vieram à região sudeste na busca de dias melhores e ajudam aos que estão chegando.
Durante todo o dia, pude beber da genuína cultura do Seridó. Saí de lá com três livros de escritores acarienses. ‘De uma terra amada: Acari do meu amor, de Jesus de Miúdo; o “Retirante Retornante: o sertão produtivo e autossustentável”, de Antônio Adolpho e o “Vinténs de Alegria e Sorrisos”, de Chico Acari. O primeiro narra o amor à terra querida; o segundo discute as boas práticas e a sustentabilidade da caatinga e o terceiro, as piadas e o humor do seridoense, ensinando a aproveitar a vida a partir do sorriso e do bom humor. A leitura prazerosas comprova a riqueza da cultura da região que, durante anos a fio, mostra suas potencialidades e diversidade.
Enfim, participar dessa comemoração deu-me a certeza de que nós nordestinos, apesar das adversidades, sabemos como ninguém comemorar a vida.
Como os seridoenses de Acari, somos um povo singular. Singular porque promovemos capital social, com nossas ações. Singular porque sabemos ser gente, encantamos e somos encantados, mesmo na diversidade.
Acarienses, singulares como o “Véu de Noiva”, do Açude Gargalheiras.

1 comentários:

  • Adorei o artigo. Realmente só quem conhece algum seridoense, pode saber a exata medida da sua hospitalidade. Um povo que tem o dom de nos deixar encantados e completamente a vontade.
    O texto deixou-me ansiosa por voltar ao Seridó.

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