CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

10.5.11


Artigo publicado na revista Papangu, edição nº69
Por enquanto, o PSD e o DEM vão conviver harmoniosamente no Rio Grande do Norte, em que pese, o novo partido, sob a liderança nacional do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e local do vice-governador Robinson Faria, ter nascido de uma dissidência dos democratas e ter como clara estratégia de crescimento e fortalecimento, de norte a sul, de leste e oeste do país, inflar com nomes surrupiados do DEM, em uma sangria em praça pública ao partido hoje comandado pelo senador potiguar José Agripino Maia.
Mas, por aqui, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e o deputado federal Fábio Faria (PSD) se apressaram a declarar que não há qualquer mal estar entre os partidos. Isso, depois de a governadora primeiro afirmar categoricamente: “o PSD é novo partido criado de uma dissidência e, sinceramente, foi feito com o intuito de destruir o meu partido. Está na cara que eu não gosto disso”, para depois correr a contemporizar, afirmando que, ao fazer o comentário, referia-se à situação nacional do PSD (leia-se Kassab), sem qualquer contextualização local (leia-se Robinson). Já no lastro da primeira declaração de Rosalba, o filho do vice-governador Robinson Faria, o deputado federal Fábio Faria, fez questão de propalar aos quatro cantos que, por estas terras de Poty, tudo no neo-partido foi combinado antes com Carlos Augusto Rosado, marido da governadora – da ida dele e de Robinson, assim como da dos deputados estaduais, para o PSD.
Ou seja, pelo que falaram a governadora e o deputado, houve um “combinemos” entre as partes e isso foi o suficiente para garantir a paz e a harmonia entre todos da base governista no Rio Grande do Norte.
Aparentemente, enquanto estiver nessa fase do aval que Carlos Augusto Rosado deu ao vice-governador e ao seu grupo político, endossando a ida de todos para o PSD, tudo bem. E lá na frente, em 2012? O deputado Fábio Faria já disse que aceita o desafio de ser candidato a prefeito de Natal pelo PSD. Por seu lado, a governadora Rosalba Ciarlini também já disse que o DEM terá candidato a prefeito em Natal. Como vai ficar, então, a convivência do DEM e do PSD se ambos tiverem candidato próprio a prefeito? Mas, há mais questionamentos a serem considerados: e se o DEM se fundir com o PSDB? Hoje, o caminho do DEM é a cova – e o coveiro é o senador José Agripino, seu presidente nacional, que pode terminar segurando as alças do caixão dos Democratas, por aqui, com a companhia de Rosalba Ciarlini e Carlos Augusto Rosado. Acabando o DEM, Carlos Augusto e Rosalba aceitam a fusão com o PSDB ou vão procurar outra legenda? Carlos e Rosalba serão pragmáticos e vão para algum partido que apóie o governo da presidente Dilma? Afinal, o governo do Rio Grande do Norte se sustenta em oposição ao governo federal?
O episódio da formação do PSD no Rio Grande do Norte pode se tornar um fato importante ou ridículo na política potiguar. Vai depender da direção que o vice-governador Robinson Faria imprimir ao novo partido. Afinal, ele deixou o nanico PMN e passou a integrar um partido nacional que começa maior do que o DEM.
Robinson terá mesmo coragem para lançar o filho Fábio candidato a prefeito de Natal? Como Robinson pode viabilizar sua candidatura ao Senado em 2014 sem ter presença política e eleitoral forte em Natal, em 2012? Que apoio terá dos democratas para o seu projeto?
Mas, acompanhar o disse me disse e não disse que disse mais disse na política potiguar é um excelente exercício mental, que termina revelando os nomes, a força dos personagens da política tupiniquim.
Se não, vejamos: o maior líder político em qualquer estado sempre foi o governador; mesmo quando ele tem auxiliares de sua mais absoluta confiança política, a última palavra, para os interlocutores, sempre é a do governante; é com o governante que os políticos se sentam e acertam suas decisões. Não é o que parece que aconteceu no caso da formação do PSD/RN. O deputado Fábio Faria foi claro quando disse, taxativo: “só conversamos com Kassab após aval de C. A. (Carlos Augusto)”, segundo publicou a Tribuna do Norte (19/03). Ou seja, foi o marido da governadora quem deu as cartas no rumo político. Foi ele quem negociou a arrumação política e não a governadora. Ninguém do PSD disse que o acerto político para entrar no novo partido foi feito com a governadora.
Nesses quatro primeiros meses do governo Rosalba Ciarlini, o que se tem visto é a desenvoltura do seu marido, Carlos Augusto Rosado, entre os políticos. Nas reuniões com deputados federais e estaduais, senadores e prefeitos, Carlos Augusto Rosado está sempre presente. Em qualquer roda política ou social no estado o comentário é um só: Carlos Augusto é quem toma as principais decisões do governo. E muitos falam baixo, com medo de que o comentário chegue aos ouvidos dele e o desagrade. Afinal, Carlos Augusto Rosado prefere atuar nos bastidores. Na verdade, mestre na arte de articular politicamente nos bastidores, Carlos Augusto, no governo, não conseguiu ficar por trás das cortinas e aparece como gigante diante dos holofotes da sociedade. Diferente do governo Wilma de Faria, onde quem dava a palavra final era ela.
Entre as primeiras damas do Rio Grande do Norte, o caso que me lembro de influência nos rumos do governo é o da ex-primeira dama Aída Cortez, mulher do ex-governador Cortez Pereira. À época, corria à boca pequena – em plena ditadura militar - nas rodas políticas e sociais do estado que Aída Cortez era quem mandava no governo.
Repete-se agora aquele exemplo? E assim caminha o Rio Grande do Norte.

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