12.6.12
Postado por
Sávio Hackradt
O racismo e o tratamento de trabalhadores como escravos
podem entrar para a lista dos crimes chamados hediondos. É o que decidiu a
comissão de juristas responsável por elaborar o novo Código Penal brasileiro em
reunião realizada ontem (11).
Débora Zampier - Agência Brasil
A comissão também inseriu na lista de crimes hediondos -
que hoje tem o homicídio e estupro, por exemplo - o financiamento do tráfico e
os crimes contra a humanidade. Todas as sugestões aprovadas pela comissão serão
compiladas em um anteprojeto que ficará pronto no dia 25 de junho. O texto será
usado como base para votação do novo Código Penal, no Congresso.
Se por um lado os juristas tornaram mais rigorosas as
punições para crimes violentos ou para os motivadores de outros delitos – como
a receptação de roubo, cuja pena máxima passou de quatro para cinco anos - a
comissão também deu tratamento mais leve para crimes de menor ofensividade.
“Diversas figuras de descarcerização foram pensadas, o que se chama hoje de
justiça restaurativa. Se a pessoa reparou o dano integralmente, ela obterá a
extinção da punibilidade”, explica o relator da comissão, o procurador da
República Luiz Carlos Gonçalves.
Um dos exemplos dessa "relativização" é o caso
de roubo, crime que atualmente prevê pena de quatro a dez anos de prisão
e multa, com possibilidade de agravantes. Segundo o texto aprovado pela
comissão, a pena para o “encontrão” - quando o ladrão esbarra na vítima e pega
sua carteira – pode ser mais leve. Por outro lado, a invasão de residência
passa a ser um crime mais grave, assim como já é o roubo com uso de arma e com
a participação de mais de uma pessoa.
A comissão também endureceu o tratamento dos maus-tratos
contra pessoas. “Já havíamos feito isso em relação aos animais. O ser humano é
animal também, não faria o menor sentido que a pena dos maus-tratos dos humanos
fosse inferior, e não será mais”, disse Gonçalves. De acordo com o anteprojeto,
o crime de maus tratos pode dar pena até cinco anos, com possibilidade de
agravantes.
Esse foi o último encontro oficial da comissão, mas os
juristas ainda se reunirão durante a semana para tratar de assuntos residuais,
como o crime de rixa. O grupo também decidirá se a delação premiada beneficiará apenas os
sequestradores, que podem ficar livres se colaborarem com as autoridades. Segundo Gonçalves, a ideia é que
o benefício seja aplicado aos crimes em geral, como já é previsto na legislação
atual.
A comissão responsável pelo anteprojeto do novo Código
Penal foi formada no Senado em outubro do ano passado e, desde então, os
juristas vêm se encontrando periodicamente para rediscutir o texto atual, que é
de 1940. A ideia era que os trabalhos terminassem em maio, mas foi necessário
mais um mês para a conclusão dos debates. O anteprojeto tramitará no
Legislativo como um projeto de lei comum, que poderá ser alterado pelos
parlamentares e pela Presidência da República.
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