CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

24.1.12


A deputada federal do Brasil, Manuela d’Ávila, 30 anos, (PCdoB, RS), e a deputada da Assembleia da Ilha da Madeira, Raquel Coelho, 23 anos, do Partido Trabalhista Português, falam à Rádio ONU sobre a participação de jovens na vida pública, o papel da mídia social e os “vícios” da política tradicional, de um lado e outro do Atlântico.

Fonte: Rádio ONU, no Portal Vermelho

Quem pensa que política é algo somente para “pessoas mais velhas”, muda de opinião ao ouvir a deputada federal Manuela d’Ávila falar sobre o ofício. Aos 30 anos, e com uma cadeira na Câmara de Deputados do Brasil, Manuela assumiu seu primeiro cargo eletivo, vereadora de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, aos 22 anos.

Manuela dÁvila
Militante do Partido Comunista do Brasil, PCdoB, Manuela d’Ávila contou  à Rádio ONU, de Brasília, que defender a ideologia de seu partido, mesmo após o fim do comunismo na maior parte do mundo, não é difícil.

Crise do Mundo

“Há uma corrente que surgiu com a queda do muro de Berlim de que a disputa ideológica havia se encerrado. Eu acho que não há nada mais atual do que disputar, ideologicamente, em um momento que o mundo vive uma grande crise econômica. Essa crise não é uma crise do mundo, é a crise de um mundo com determinadas regras econômicas. Regras que são ideológicas.”

Ao chegar a Brasília, Manuela diz ter presenciado pontos posivitos e negativos. Segundo ela, a participação dos jovens é importante para o avanço da agenda brasileira. Mas para a deputada, os jovens precisam se lançar na política por vontade e convicção próprias, independentemente, se pertencem a uma família tradicionalmente política ou não.
Imensa Maioria

Manuela d’Ávila

“É importante também ressaltar, que mesmo entre os jovens presentes, se formos averiguar e fazer um estudo menos numérico e mais qualitativo, nós vamos identificar que a imensa maioria desses jovens tem origem em famílias vinculadas à política. E aqui não tem nenhuma avaliação quanto ao mérito deles como parlamentares, a maior parte é de parlamentares brilhantes. Mas tem quanto ao mérito da forma como se elegem, ou seja, não superam os limites do sistema eleitoral. Porque têm estruturas próximas a dos políticos tradicionais.”

A participação da família na política é um tema que a deputada portuguesa da Assembleia da Ilha da Madeira, Raquel Coelho, 23 anos, conhece bem. Ela contou à Rádio ONU, do Funchal, que saía com o pai para participar de campanhas de amigos. Não demorou muito para que Raquel Coelho descobrisse sua verdadeira vocação. Terminou o curso universitário, se candidatou a uma vaga, não foi eleita, mas na segunda tentativa, saiu vitoriosa.

Eleições Regionais

“Eu já desde criança ia ajudar o meu pai, com quatro anos, ia colar cartazes do Partido Comunista. Quando ele fazia parte do partido. Já tinha sido candidata por outro partido, com 18 anos. Eu tirei o meu curso, me ausentei da Madeira e estava trabalhando fora quando o Partido Trabalhista me propôs fazer parte da lista que eles iriam apresentar nas eleições regionais”.

Raquel Coelho
Ao chegar à Assembleia Raquel brinca e diz que, apesar de algumas barreiras em relação a colegas mais velhos, a idade não pesou no novo trabalho, e explica o porquê.

Raquel Coelho

“Parecia que eu tinha voltado à sala de aula na minha escola secundária. Porque repara, eles se comportam como alunos nas salas de aula. Existe todo tipo de alunos. Existem os estudiosos, bem comportados, mal comportados, os rebeldes, existem os alunos que gostam muito de brincar, de rir, de gozar dos outros, apontar o dedo aos outros, mandar bocas ao professor, madar bocas aos colegas, o parlamento acaba por ser um pouco disso. Não sei se posso dizer negativo, mas foi algo que eu verifiquei com alguma estranheza”.

Dica

Mesmo com as barreiras que muitos jovens podem enfrentar ao serem eleitos para cargos públicos, a deputada federal Manuela d’Ávila diz que a presença jovem pode fazer a diferença. Segundo ela, os vícios da política tradicional não devem servir de modelo para quem quem está entrando agora para a vida pública. Ela dá a dica para jovens que querem concorrer e vencer eleições.

“Acreditar em coisas, né. Eu acho muito triste quando os jovens entram na política sendo tão velhos quanto a ideologia e a forma daqueles que eles combatem. Primeiro, acho que é preciso que os jovens façam política de uma forma diferente. Que não se rendam aos erros dos outros. Que não se entreguem aos erros dos outros, que não cometam os mesmos erros. Embora seja mais difícil não cometer os mesmos erros e seguir caminhos já caminhados, superar isso é o que justifica a participação dos jovens na política. Senão, nós não precisamos entrar. Se é para fazer a mesma coisa que os outros já fazem, então não precisam de nós.”

Já o conselho da deputada portuguesa, Raquel Coelho, de 23 anos, para jovens que querem se tornar políticos é fazer uso das mídias sociais. Segundo ela, a rapidez destas plataformas ajuda a aproximar os jovens e a agilizar o processo político.

Ferramentas

“Os media têm feito isso com as novas redes sociais. Porque os jovens estão nas redes sociais. E acho que isso também tem que partir dos partidos. Os partidos têm que se associar aos media e têm que se associar às redes sociais. Porque é lá que eles vão encontrar os jovens, porque é lá que os jovens estão. E acho que passa pelos próprios partidos fazerem o acompanhamento das inovações. Não ficarem presos ao passado, mas darem passos em frente e acompanharem o presente e o futuro. E só assim que eles podem trazer os jovens. E os media funcionam na própria divulgação destas ferramentas que podem ser usadas para atrair os jovens”.

As Nações Unidas incentivam a participação de jovens na política. No ano passado, a organização promoveu um encontro na Tailândia com parlamentares jovens de todo o mundo.

O evento, o Fórum Global de Parlamentares Jovens, recebeu participantes de até 20 anos de idade que haviam sido escolhidos para cargos eletivos em seus países.

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