CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

30.1.12


“COISAS DA VIDA” 


Por Leide Franco* (@LeideFranco)

Conheço muitas pessoas que já tiveram mais de quatro amores eternos, acreditam? Daquele tipo que pelas juras e promessas não ia acabar nem com o fim, nem com a morte. E do mesmo tipo que renderia tatuagens pelo corpo só para deixar marcado para todo o sempre. É a megalomania do amor dos amantes exagerados. Em um deles os versos de Cazuza eram o enredo principal de toda a história: “Nossos destinos foram traçados na maternidade”. 

E isso era como estar diante do melhor gênero romântico, tipo os hollywoodianos água com açúcar e pitadas de afeto. Na verdade, no fim cada um só quer a doce sorte de um amor tranquilo e poder desfrutar de todo o amor que houver nessa vida, tal como o do mesmo Cazuza.

O que muitos não conseguem entender é que o para sempre de vez em quando pode se transformar, como metamorfose, em “era uma vez” um sonho que era para toda a vida... Restos de um amor maior que tudo que se pudesse medir. Quem pode julgar se está certo ou errado aquele que acredita nos modos eternos da vida? Será que valeria a pena caso não nos prendêssemos na certeza de que daquela vez seria o tal do para sempre?


O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer
no dia em que se concretizam.
Eça de Queiroz

O amor é uma queda livre de dois corpos que dividem o mesmo paraquedas. O segredo é ir soltando vagarosamente a corda que os prende, para que as asas possam ir aos poucos se abrindo, e assim sentir como vai ser pisar no chão. Tudo está muito fora do Romeu e Julieta shakespeariano. A vida nos mostra que nada do que é humano pode ser eterno. O ser humano é mutável e se adapta conforme as suas necessidades.

O melhor é acreditar que sempre será eterno enquanto durar, como disse o velho poeta. E que a medida de tempo, seja o eterno ou o passageiro, depende da intensidade com a qual o aproveitamos, até porque o para sempre é muito tempo e deve morar muito longe, perto do fim.

*Leide Franco - Comunicadora com pretensões literárias; 
Um pouco de filosofia e reflexões cotidianas; 
Um muito de MPB
E quase nada do que ainda quero ser. 
Escreve às segundas-feiras.


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