12.1.12
Postado por
Sávio Hackradt
Na
década de 70 do século passado, o Brasil desenvolvia secretamente seu programa
nuclear para fins militares. Para assegurar-lhe recursos financeiros,
estabelecera parceria com o Iraque, que bancava os elevados investimentos
necessários em troca de acesso aos conhecimentos tecnológicos brasileiros. O
responsável pelo programa na Aeronáutica era o tenente-coronel aviador José
Alberto Albano do Amarante, engenheiro eletrônico formado pelo ITA.
Portal
Vermelho - por Sued Lima*
Em
outubro de 1981, Amarante foi atacado por uma leucemia arrasadora, que o matou
em menos de duas semanas. Sua família tem como certo que o cientista foi morto
pelos serviços secretos dos EUA e de Israel, com o objetivo de impedir a capacitação
brasileira à produção de armas atômicas. Dando força às suspeitas, foi
identificado um agente israelense do Mossad, de nome Samuel Giliad, atuando à
época em São José dos Campos, que fugiu do país logo após a misteriosa morte do
oficial brasileiro.
O
episódio dá bem o tom da virulência empregada pelos EUA e Israel para bloquear
a entrada de outros países no fechado clube nuclear. Não por coincidência,
apenas quatro meses antes da suposta ação em território brasileiro, Israel
desfechara devastador ataque aéreo ao reator nuclear de Osirak, no Iraque, que
vinha sendo construído pelos franceses.
Tais
fatos dão credibilidade às reiteradas denúncias do governo iraniano de que seus
cientistas estão sendo alvo de atentados por parte dos serviços secretos
estadunidense, britânico e israelense. Somente em 2010, foram mortos os físicos
Masud Ali Mohamadi e Majid Shariari, que atuavam no desenvolvimento de reatores
nucleares, ambos vítimas de explosões de bombas em seus próprios automóveis,
enquanto o chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Abbasi-Davanina,
escapava por pouco da detonação de um carro-bomba, conforme ele próprio
denunciou durante a conferência anual da Agência Internacional de Energia
Atômica, em setembro último. Em julho de 2011, o físico Daryush Rezaei, 35
anos, foi morto a tiros em frente a sua casa, em ataque que também feriu sua
esposa. Esses são alguns dos muitos casos de assassinatos e desaparecimentos de
cientistas e chefes militares iranianos nos últimos anos.
Os
crimes se dão em paralelo às intensas pressões do governo dos EUA para que a
comunidade internacional aplique severas sanções ao Irã sob o argumento de que
o país descumpre o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
Criado
pela ONU em 1968, o acordo tem três objetivos principais: coibir o uso de
tecnologia nuclear para produção de armas, eliminar os armamentos nucleares
existentes e regular o uso de energia nuclear para fins pacíficos.
Convenientemente, as grandes potências interpretam o acordo segundo seus
próprios interesses: bloqueiam o desenvolvimento da pesquisa dos países não
detentores de armas atômicas, mesmo quando para fins pacíficos, e fazem letra
morta dos dispositivos do tratado que determinam o desarmamento.
Como
previa o embaixador do Brasil na ONU, em 1968, José Augusto Araújo de Castro,
quando atuou para impedir a adesão do Brasil ao TNP, o tratado é apenas um
instrumento para perpetuar o poder das grandes potências.
Documentos
divulgados pelo Wikileaks deixam clara a disposição dos EUA em não reduzir o
número de ogivas nucleares instaladas na Europa. Por outro lado, enquanto todos
os países do Oriente Médio fazem parte do TNP, Israel, único detentor de armas
nucleares na região, nega-se a aderir ao acordo e repudiou as censuras de que foi
alvo no relatório final da última reunião quinquenal do TNP, em 2010, gerando a
ameaça dos demais governos vizinhos de abandonar o tratado na próxima reunião,
marcada para 2012.
As
guerras contra o Afeganistão, Iraque e Líbia, mais as ameaças contra a Síria,
Coreia e Irã, parecem evidenciar que somente a capacidade de retaliação atômica
intimida o império, já que a assimetria das forças alimenta aventuras dos
Estados Unidos e de seus sócios de rapina, todos em busca de conflitos bélicos,
seja para assegurar domínios seja para encobrir seus graves problemas
domésticos.
A
conjuntura estratégica do Oriente Médio indica que, para sua sobrevivência, o
Irã não tem outra alternativa que a de construir sua bomba e, nesse sentido,
corre contra o tempo, dado o cerco que se fecha contra o país.
Como
analisa o cientista político paquistanês Tariq Ali, não é despropositado
considerar que o surgimento de outra potência nuclear no Oriente Médio possa
propiciar estabilidade política à região e ao mundo, por contraditório que
possa parecer.
*Coronel
Aviador Ref e pesquisador do Observatório das Nacionalidades
Estação Música Total
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