CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

9.1.12


CARTAS DE COTOVELO 01 (06/01/2012)


Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

Registro o meu reencontro com Cotovelo e, logo no primeiro dia, a prazerosa visita de Zé Correia (Zequinha), tradicional morador da Rua Parnaíba.

Encontro a casa limpa e abastecida, bom trabalho do nativo João Batista e da equipe auxiliar.

A meninada solta na buraqueira, disputando espaço com os cães Malu e Todinho que, em um passe de mágica, resolveram fazer as pazes.

A primeira noite, boas conversas e a constatação do esquecimento de alguns petrechos essenciais para o lazer – baralho, dominó, bola, controle remoto do DVD senão somos obrigados a vê-los na língua de origem e sem se poder adiantar o recuar os filmes – um saco.

Apesar da temperatura agradável, tenho de me adaptar ao barulho dos carros e latido dos cães da redondeza, nada que não se possa superar.

Pela manhã passo em Dona Léa e vou ver o mar – neste período com suas areias niveladas, propícias para as caminhas, peladas, brincadeira e para o banho.

Notei a novidade das ruas relativamente limpas, à exceção da esquina da minha rua, com monturo de metralhas e podas de árvores da vizinhança.

Logo cedo João rega a grama nativa da frente da casa.

Na avenida Cotovelo, já passaram os canos do esgoto, aguardando a ordem de ligação das casas aos coletores, sem nenhuma dúvida, uma excelente obra da Prefeitura de Parnamirim.

O ruim é a dificuldade de acessar a internet, pois fico sem notícias e mensagens dos amigos.

No ar, a expectativa do julgamento da “Operação Impacto”.

Vou agora buscar aventuras. Nesta data Thereza me lembra dos nossos exatos 50 anos de noivado, sob as bênçãos dos Reis Magos – vai haver festa no meu AP.

Até breve!

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CARTAS DE COTOVELO 02 (O8/01/2012)

Antes do cair da noite neste sábado preguiçoso, já se ouvia estridente, os sistemas de som do Circo da Folia. Eram os preparativos para a abertura dos seus “lucrentos” festejos de verão, que anuncia a presença do afamado conjunto “exaltasamba”.

O inferno começou, com filas intermináveis de veículos com destino a Pirangi, em permanente businaço, intercalado  de carros do som em decibéis proibitivos, mas nem por isso incomodados por qualquer autoridade da fiscalização do meio-ambiente.

E os preparativos continuaram, com inserção de uma sirene, a lembrar os alarmes dos bombardeios nos idos da segunda guerra.

A coisa começou com muito barulho e nenhuma qualidade artística até pela meia-noite, já adentrando no domingo, quando se inicia a apresentação do “exaltasamba”, de boa qualidade, ornado  por um estrondoso equipamento de som que, de Pirangi, incomodava em Cotovelo e abalava o cemitério de Pium.

Já viu! Nada de se poder dormir, até que, já noite velha, o galo entoasse as suas primeiras cantigas.

Uma chuva providencial refrescou um pouco os foliões no regresso da festa, que não oportunizaram os já costumeiros alaridos resultantes do misto – falta de educação e restos dos embalos da farra, para não dizer “ressaca”, iniciando o dia anunciado pelos gorjeios dos passarinhos.

De olhos inchados pela noite insone, procuro os jornais do dia e me deparo com a paradoxal reportagem do JH a respeito da “Operação Paredão”, ensaiando coibir a poluição sonora superior aos 40-60 decibéis à noite, sob a invocação da vetusta Lei 3.688, de 1941, que elenca como contravenções à paz pública, perturbação do trabalho ou do sossego alheio (art. 42):
I – com gritaria ou algazarra;
III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;”. O inciso seguinte diz respeito ao barulho produzido pelos animais domésticos, coitados, que passaram a noite incomodados e latiram sem cessar. (Será que serão os punidos?)

Onde estava o policiamento para fazer cumprir a lei do silêncio? Virou Conceição ou tomou Doril?

E viva a falta de educação; o desrespeito às famílias; a bagunça; a omissão dos órgãos públicos em nome da liberdade de expressão.

A terra potiguar continua linda, com os seus políticos mandando brasa e os donos abastados das casas de diversões, comandando a massa.

Durma-se com um barulho desses!!!!!!

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