2.2.12
Postado por
Sávio Hackradt
Foi
divulgada nesta quarta-feira (1º), a Carta de Porto Alegre, ou das mídias
livres, que contém propostas debatidas e aprovadas durante o 3º Fórum de Mídia
Livre (FML), ocorrido sexta (27) e sábado (28), em Porto Alegre (RS),
juntamente com o Fórum Social Temático 2012. As resoluções foram pautadas a
partir das discussões nos três eixos do FML.
Fonte:
3º FML
3º
Fórum de Mídia Livre em Porto Alegre, na Casa de Cultura Mário Quintana, Porto
Alegre (RS)/foto:Deborah Moreira
A
plenária final do Fórum aprovou grupos de trabalho (GT) para contribuir no
encaminhamento de tarefas vinculadas à comunicação, formação, políticas
públicas, e para contribuir na organização do II Fórum Mundial de Mídia Livre,
que acontecerá no Rio de Janeiro, em junho. Um grupo de enlance ajudará na
articulação entre os GT´s, abertos à adesão. Confira a Carta de Porto Alegre,
abaixo:
Nós,
participantes do III Fórum de Mídia Livre, realizado no âmbito do Fórum Social
Temático, em Porto Alegre entre os dias 27 e 28 de janeiro de 2012, vimos
reafirmar o reconhecimento da comunicação como um direito humano e social e um
bem comum, cuja defesa deve ser objeto da luta das mídias livres, do conjunto
dos movimentos sociais e alcançar a sociedade como um todo.
Num
momento em que a comunicação assume papel central nas lutas ao redor do mundo,
como se tem visto na Primavera Árabe, no movimento dos indignados e de
ocupações públicas e que, ao mesmo tempo, surgem ameaças de cerceamento à
liberdade de expressão com medidas de controle da internet, a exemplo dos
projetos SOPA e PIPA em discussão nos Estados Unidos, e da Lei Azeredo, o “AI-5
Digital” no Brasil; violações de direitos na mídia e criminalização das rádios
comunitárias e dos movimentos sociais, como no caso da desocupação violenta da
área do Pinheirinho, na cidade de São José dos Campos; conclamamos todos a se
unirem em torno da luta pela democratização da comunicação.
Nessa
ação estratégica e unitária, ainda que levada a efeito dentro da diversidade de
cada organização e iniciativa, através de suas redes de diálogos, é preciso
reconhecer a comunicação não como mera ferramenta, mas compreender a sua
potência mobilizadora, essencial à organização política. Objetivo central desse
esforço é estabelecer de fato um contraponto à mídia comercial e hegemônica,
não só no que diz respeito ao que é veiculado, mas sobretudo quanto à
apropriação pela sociedade dos meios de acesso, produção, difusão e
distribuição de informação e cultura.
Isso
inclui estabelecer no Brasil um novo marco regulatório das comunicações que
faça cumprir os preceitos da Constituição Federal relativos ao setor; o
fortalecimento das mídias livres (comunitárias, alternativas e populares); a
universalização do acesso à internet de qualidade; a neutralidade da rede e o
respeito à privacidade dos usuários como direitos garantidos por um marco civil
da internet e a reforma da Lei de Direitos Autorais; e fomentar o
desenvolvimento, a formação e o uso de tecnologias que tenham como base o
princípio da colaboração, compartilhamento e hackeamento.
Para
que tal meta se cumpra, é preciso que haja efetiva participação social na
construção, implementação e monitoramento das políticas públicas, fortalecendo
espaços de discussão como as conferências de comunicação, fóruns e
observatórios das entidades do setor.
É
ainda imperativo intensificar a mobilização social, que deve extrapolar os
espaços de debate tradicionais e ganhar as ruas, para que nossas reivindicações
repercutam no conjunto da sociedade. Comprometemo-nos assim com ações de massa,
articuladas ao ativismo nas redes sociais.
Nesse
sentido, nos somaremos às organizações que estarão na Cúpula dos Povos em junho
próximo, no Rio de Janeiro, para as ações de comunicação que farão parte dessa
luta global por um mundo em que os direitos humanos, sociais, ambientais,
econômicos, políticos e culturais sejam assegurados a todos os cidadãos e
cidadãs do Planeta. No bojo dessa mobilização e conjuntamente, será realizado o
II Fórum Mundial de Mídia Livre, para o qual fazemos um apelo de participação a
todas as organizações e ativistas comprometidos com essa agenda transformadora.
Assim,
em 2012, defendemos a tomada de ações que contemplem os encaminhamentos
debatidos e acordados durante o III FML, visando concretizar os objetivos
acima, entre as quais destacam-se:
●
Articulação global com os movimentos midialivristas;
●
Construção de um anteprojeto do Marco Regulatório para as Comunicações no
Brasil;
●
Criar pontos de acesso, de formação e mobilização midialivrista;
●
Utilizar linguagem que não reproduza a mídia comercial hegemônica;
●
Criação e fomento de redes sociais livres, federadas e autônomas para
compartilhamento da produção de conteúdo;
●
Investir na formação na produção de conteúdo, como oficinas, observatórios,
formações livres e colaborativas;
●
Aproximar as iniciativas de mídia livre dos movimentos sociais e da população
em geral;
●
Mapear o espaço que as mulheres ocupam na mídia alternativa para um debate mais
amplo;
●
Ampliar o uso da webTV e outras ferramentas de audiovisual na internet como
ferramenta estratégica para o debate da mídia livre, priorizando o uso de
ferramentas livres;
●
Construir um programa que discuta o tema da mídia livre na PosTV com as
diversas organizações que atuam nesta pauta;
●
Difundir o uso de ferramentas de proteção de dados e Ips;
●
Potencializar as rádios comunitárias, de forma que a informação tenha mais
alcance;
●
Trabalhar pela construção de um grande encontro da sociedade civil, em torno da
comunicação, que reúna os diferentes setores que atuam nesta pauta, para o
fortalecimento de agendas comuns;
●
Valorizar o papel e a participação das mídias não digitais, alternativas e
populares, como as rádios livres e comunitárias, nos processos de construção
das agendas das mídias livres;
●
Defender a adoção de tecnologias livres pelo Estado brasileiro;
●
Criação de GT para dar continuidade ao diálogo dos protocolos livres,
entendendo esses como a pactuação política e tecnológica de ações, métodos,
semântica e tecnologia entre os movimentos da sociedade civil. A organização do
GT será feita a partir de agora no pad http://pontaopad.me/protocoloslivres;
●
Garantir a universalidade da banda larga, com políticas públicas de acesso
livre e pontos populares de formação, além de provedores comunitários;
●
Combate ao AI-5 digital e a todas as iniciativas de cerceamento da liberdade na
internet;
●
Cobrar do governo que retome os Pontos de Mídia Livre, ampliando essa política
pública para estados e prefeituras;
●
Lutar por uma política pública de distribuição da verba governamental de
publicidade, que promova a diversidade e a pluralidade e garanta o exercício da
comunicação por todos e todas. Esta política deve considerar sobretudo as
especificidades das mídias livres em termos de sustentabilidade econômica;
●
Mapear iniciativas de políticas públicas de comunicação nos estados;
●
Incidir sobre outras políticas que dialogam com a questão do marco regulatório
e estão sendo aprovadas de forma independente, como a regulamentação da lei
12.485 e continuidade da classificação indicativa, em debate no Supremo
Tribunal Federal;
●
Reivindicar faixa de espectro para o rádio e a TV digital e políticas públicas
de financiamento de transmissores de rádio e TV digital para pontos de mídia
livre;
●
Compartilhamento de informações e orientações de apoio jurídico para as mídias
livres;
●
Articular internacionalmente as lutas por políticas públicas e regulação que
garantam liberdade e o combate a leis e políticas que restrinjam a liberdade;
●
Lutar por políticas de abertura de espectro livre e white spaces para apropriação
pelas mídias livres;
●
Debater e tomar posição sobre o padrão de rádio digital a ser implementado pelo
Brasil;
●
Articular os espaços de mobilização on e offline, nas redes e nas ruas
●
Denunciar e combater a apropriação privada de dados pessoais por terceiros
●
Promover/participar do II FMML no Rio de Janeiro, entre os dias 16 e 18 de
junho, concretizando o chamado da Carta de Dakar;
●
Integrar o II FMML, evento inserido no processo dos Fóruns Sociais Mundiais,
com o processo da Cúpula dos Povos da Rio+20, respeitando seus princípios e
atuando desde já em seus grupos de diálogo e de trabalho, para construção da
agenda da comunicação;
●
Mapear as atuais experiências de desenvolvimento e uso de redes de
compartilhamento de recursos pelos ativismos globais para contribuir no diálogo
dos
protocolos livres propostos para o II FFML;
●
Promover uma ação de comunicação que seja definida de maneira conjunta e que
produza impacto para além dos setores que acompanham o processo da Conferência
da ONU;
●
Traduzir os conceitos em debate na Conferência da ONU e na Cúpula dos Povos e
das agendas dos movimentos, de forma a qualificar a compreensão do que está em
jogo nos eventos da Rio+20;
●
Dialogar com as organizações e movimentos da sociedade civil para que sua comunicação
se integre ao processo de construção do II FMML;
●
Criar um grupo local de organização e logística para, em diálogo internacional,
realizar o II FMML. Este grupo estará aberto à participação de organizações de
fora do Brasil;
●
Promover no II FMML o diálogo internacional entre desenvolvedores e gestores de
redes e recursos de comunicação voltados aos ativismos de internet para a
construção de protocolos internacionais;
●
Organizar previamente ações de comunicação compartilhada e definir como coordenar
as ações de forma autogestionada;
●
Ampliar a participação das organizações brasileiras no debate internacional da
construção do II FMML;
●
Avaliar a possibilidade de extensão (participação à distância) do II FMML, com
a organização de atividades e debates fora do Rio de Janeiro durante os dias do
evento em junho.
●
Participar e estimular a participação das mídias livres na Comissão de
Comunicação do Fórum Social Mundial.
Organização
A
plenária do III Fórum de Mídia Livre optou por uma organização em Grupos de
Trabalhos integrado por um Grupo de Enlace. São GT abertos à participação
GT
– Comunicação: Revista Fórum, Coletivo Fora do Eixo, Rede Nacional de
Adolescentes e Jovens Comunicadores, Alquimidia.org e Ciranda.
GT
– Formação
Rádio
Muda, Radio UFSCar, PET-ECO/UFRJ, Coletivo Fora do Eixo, Soylocoporti,
COMULHER.
GT
– Protocolos
Alquimidia.org,
Fora do Eixo, Soylocoporti, Ciranda
GT
– Políticas Públicas
Coletivo
Gaúcho pela Democratização da Comunicação e da Cultura, Intervozes, Abraço,
Altercom/Aliança Internacional de Jornalistas, Barão de
Itararé,
Soylocoporti, Fora do Eixo, Amarc.
GT
– Organização local do II FMML
Revista
Fórum (Renato Rovai), Pontão da ECO (Ivana Bentes), FDE (Carol e Dríade), Amarc
(Arthur William), Abraço (José Soter), Ciranda (Rita Freire), Intervozes (Bia
Barbosa), Caritas (Pierre George), WSFTV (Antonio Pacor), E-joussour (Mohamed
Leghtas)
GT
de Enlace
Revista
Fórum, Radio Muda, Alquimidia.org, Amarc, Pontão da ECO, Ciranda
O
contato de cada GT está disponível no site: http://forumdemidialivre .org
Caledário
inicial
A
plenária do 3º FML elencou os seguintes eventos estratégicos para uma
mobilização conjunta do Movimento Midialivrista:
9
a 11 de Fevereiro – Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (Recife)
8
de Março – Dia Internacional de Luta das Mulheres
11
de Março – Encontro do I Fórum de Mídia Livre dos países da região do Magreb
Machrek
Maio
– Elencar um dia de ação de rua, ainda no mes de Maio, em torno das lutas da
comunicação. Divulgar esse dia de ação durante as atividades do Primeiro de
Maio.
Junho
– Ação de rua durante a Rio+20
16
a 18 de Junho – II Fórum Mundial de Mídia Livre
14
a 22 de Junho – Atividades diversas da Cúpula dos Povos para a Rio+20
25
de agosto – Dia Nacional de Luta das Rádios Comunitárias
18
de outubro – Dia Nacional pela Democratização da Comunicação
20
de novembro – Dia da Consciência Negra
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