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Sávio Ximenes Hackradt

11.12.11


SOCIEDADE, MEIO-AMBIENTE E CIDADANIA – Por @marigiamadje*

Esta semana um questionamento, no twitter, chamou-me a atenção: “Incrível. Mossoró tem mais de 100 conselhos comunitários, e eles não se movimentam em luta por nada de relevante à sociedade. Por que será?” Carlos Santos. A pergunta me fez refletir sobre a importância dessas organizações para a ampliação do controle social e que, em alguns casos, transformam-se em moeda de troca.

Os Conselhos, como mecanismos de participação e de legitimidade social, iniciam-se, no Brasil, como fruto da organização e das lutas sociais, quando o processo constituinte aprofundou a questão colocada pelo movimento social, ao final da década de 1970 e início dos anos 1980, sobre a democratização do Estado e os mecanismos necessários para torná-lo público.

A disseminação desses Conselhos gestores é a mais importante inovação institucional das políticas públicas no Brasil, e os estudos sobre o tema enfatizam a precariedade da participação social nessas novas organizações e sua tão frequente submissão a poderes locais dominantes. Se, muitas vezes, reproduzem um ambiente social diferente à discussão dos assuntos públicos, a sua existência abre possibilidades para que a comunidade mostre-se representada. O fato de essas organizações existirem abre possibilidades para que se amplie o círculo social em que se operam as discussões sobre o uso dos recursos públicos - o que demonstra o reconhecimento do potencial de transformação política que os Conselhos imprimem.

Apesar disso, acredito que as falhas, refletidas no questionamento do Carlos, sejam em virtude de os Conselhos serem formados estritamente como contrapartida à exigência legal, para a obtenção de recursos públicos, não representando a dinâmica local; da participação minoritária da comunidade; do método utilizado para sua composição, o qual propicia a burocracia, e de, em sua maioria, terem caráter consultivo e não deliberativo, a exceção dos quatro, que na Constituição de 1988 foram regulamentados por meio de legislação ordinária - os Conselhos de Saúde, de Assistência Social, dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Idoso.

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O ano de 2012 se aproxima e, com ele, uma reflexão: os conselhos continuarão a serem espaços que propiciam negociatas ou voltarão a ser espaços de debates que promovam o desenvolvimento local? Apesar do exposto, não acredito que exista receita para ensinar o segredo do funcionamento "justo e competente" de um Conselho Gestor. Entretanto, tão importante quanto a preocupação com os métodos e a composição do Conselho, é importantíssimo incentivar a participação de “anônimos” no processo, para que este possa voltar-se ao que ele faz e pode fazer.

Logo, concordo com Abramovay, quando afirma que há um conflito potencial entre a necessidade de os Conselhos se apoiarem em uma forte e representativa base local, por um lado, e a urgência de que eles extrapolem os limites dos municípios, para que se tornem unidades efetivas de planejamento.

*Marígia Tertuliano é economista e professora da UNP

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