23.5.12
Postado por
Sávio Hackradt
Em entrevista à Carta Maior, Robert Cailliau,
engenheiro belga que fez parte da equipe que lançou os pilares da internet,
reflete sobre a evolução da rede, seus riscos e potencialidades. "Em sua
grande maioria, os usuários pensam que estas coisas são como o ar ou o espaço,
que existem, que são livres para todo o mundo. Ninguém se questiona sobre elas.
Onde estão? Quais são as empresas que os administram? Em que espaço legal se
encontram?"
Fonte: Carta Maior
Robert Cailliau é um homem de vários códigos. Três no
total: web, HTTP e HTML. Este engenheiro belga fez parte da equipe do britânico
Tim-Bernes-Le que, nos anos 90, inventou, na sede do CERN (organização europeia
para a pesquisa nuclear), em Genebra, esses três pilares da modernidade: o URL,
ou seja, os três www, a linguagem hipertexto, HTML, e o protocolo de
transferência de hipertexto, HTTP. É inútil estender-se sobre o impacto
prodigioso desse invento que, no início, estava destinado unicamente a
compartilhar dados entre a comunidade científica. Em entrevista à Carta Maior,
Robert Cailliau reflete sobre a evolução da rede, seus riscos e
potencialidades.
Carta Maior: Você destacou em várias oportunidades que
a Web tinha muito mais aspectos positivos que negativos. No entanto, a Web hoje
está nas mãos de enormes grupos.
Robert Cailliau: Toda tecnologia pode ser utilizada para
bem ou para mal. Há algumas tecnologias para as quais é difícil imaginar
aplicações benéficas, por exemplo, a bomba atômica. Outras tecnologias, como a
Web, são muito mais fáceis de utilizar como metas positivas que negativas. A
influência negativa de um número determinado de usuários com más intenções é
supervalorizada. A pornografia, por exemplo, cria um problema de proteção dos
menores. A pornografia sempre esteve presente, mas com a Web ela se tornou de
mais fácil acesso. A internet é um meio desenvolvido por acadêmicos para
acadêmicos. Trata-se de uma camada da população que tem um comportamento
uniforme em todo o mundo. Quando ela se expandiu para fora dessa comunidade,
houve uma invasão dos aproveitadores e manipuladores. A estrutura tecnológica
da net não estava preparada para lidar com esse tipo de gente.
CM: Você qualificou os serviços como Facebook, MySpace,
Second Life ou Twitter como “uma nova encarnação do ópio dos povos”. Qual é, na
sua opinião, o caráter negativo e nocivo desses serviços?
RC: Em sua grande maioria, os usuários pensam que estas
coisas são como o ar ou o espaço, que existem, que são livres para todo o
mundo. Ninguém se questiona sobre elas. Contrariamente aos objetos do mundo
físico, esses serviços tocam nosso cérebro. Onde estão? Quais são as empresas
que os administram? Em que espaço legal se encontram? Que fazem com os dados
privados, com os esquemas de comportamento que os usuários confiam a eles? Por
acaso, podemos sair desses sistemas? Ou ocorre como nas religiões, onde a
apostasia é castigada com a morte? E quem paga? Como sabemos que não guardaram
os dados em um lugar separado. Não há analogia entre os serviços físicos e
digitais. Felizmente estou vendo uma tomada de consciência. Isso significa que
há esperanças.
CM: Você enfatiza outros perigos da Web, como os jogos
online, os “mundos persistentes”. Você teme que isso que chama de “esferas
virtuais” aliene as pessoas do mundo real e do mundo dos sentimentos?
RC: As pessoas vão preferir o mundo virtual – sem as
obrigações, sem os problemas do meio ambiente, de aquecimento global, pobreza,
má alimentação – do que aquilo que realmente nos rodeia. Em última instância, o
real acabará se impondo. Mas neste campo também vejo uma tomada de consciência
entre os jovens. Nem tudo está perdido. Talvez nos salvemos da Matrix. Que
ideia pode ter da natureza – para não falar de compromisso – um indivíduo que
vive em uma grande cidade superpovoada, que tem sua casa em um pequeno
apartamento situado no 23º andar e que nunca sai da cidade? É certo que tudo
que se coloca entre a pessoa e o mundo deforma essa relação. É preciso estar
consciente disso.
CM: Pode-se comparar a criação da rede à Enciclopédia
de Diderot e D’Alembert no sentido de que esta provocou uma revolução do
conhecimento?
RC: A web é muito mais que um depósito de conhecimentos
porque também pode-se trabalhar nela com dados, pode-se comparar, consultar
outras pessoas. É igualmente um passo na evolução dos meios de comunicação, mas
só um entre tantos outros. A Enciclopédia também representou um outro passo.
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