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Sávio Ximenes Hackradt

20.7.12


Novo estudo antropológico revela que rede, na atual Guatemala, incluía barragens, reservatórios, canais de distribuição e até mecanismos de filtragem

Por Daniela Frabasile

Novos estudos sugerem que os maias tinham um sistema de abastecimento e filtragem de água mais complexo do que se imaginava. Cientistas identificaram uma grande barragem na região de Tikal, na Guatemala, parte da rede que provavelmente possibilitou o estabelecimento em uma área onde o clima é conhecido por apresentar seis meses de enchentes e seis de seca.

Tikal é uma das maiores e mais bem sucedidas entre as cidades maias, e estima-se que sua população tenha sido de 60 a 80 mil pessoas. Há pouco tempo, apesar de saberem muito sobre a cultura e modo de vida na região de Tikal, os cientistas não estavam certos sobre como os moradores da cidade gerenciavam o uso e distribuição da água.

Para sustentar um assentamento com as proporções de Tikal por quase mil anos, seria necessário um sistema complexo de coleta e uso da água, e isso foi descrito pelo antropólogo Vernon Scarborough e sua equipe em um paper publicado nessa semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Há vinte anos, Scarborough começou a estudar os mapas de Tikal e teve a ideia “razoavelmente hipotética” de que os maias poderiam ter controlado a água. No estudo, ele descreve uma sucessão de barragens e reservas, além de um sistema rudimentar de filtragem da água, que usava areia de quartzo.

O fato de a fonte mais próxima de areia se encontrar a mais de 30 quilômetros de distância sugere que os maias tinham a consciência de que, para usar a água armazenada, era preciso mantê-la limpa. Caixas contendo a areia de quartzo eram colocadas na entrada de alguns reservatórios. A água armazenada nos reservatórios sem o sistema de filtragem provavelmente era usada na agricultura.

Os reservatórios eram feitos nas pedreiras usando os buracos deixados onde haviam retirado imensas pedras para a construção de templos. Situavam-se em diferentes níveis, para que pudessem direcionar a água para qualquer lugar que fosse necessário na cidade. Além disso, com a preocupação de que toda a água fosse levada aos reservatórios, as fendas e rachaduras nas calçadas e construções eram preenchidas com gesso, com a finalidade, segundo os autores do paper, de levar toda a água da chuva para os reservatórios.

Fonte: Blog Coletivo Outras Palavras

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