18.7.12
Postado por
Sávio Hackradt
A presidente Dilma Rousseff é, segundo alguns de seus
subordinados, rude e autoritária, obstinada e sem qualquer tolerância com o
erro. Nisso, não parece ter a visão mineira de como deve ser o convívio nos
círculos do poder. Os governantes, em nosso Estado, e fora poucas exceções,
costumam elogiar seus auxiliares em público – e censurá-los pesadamente em
privado.
Por Mauro Santayana*
Admitamos o estopim curto da Chefe de Estado. Mas seu
discurso em Salvador, sobre a diferença entre o comportamento do governo
brasileiro diante da crise econômica mundial e o comportamento dos assim
chamados “paises ricos”, merece ser meditado com todo o respeito. Dilma revela
sua pressa no combate às desigualdades sociais em nosso país, e isso pode
explicar seu temperamento. Os últimos anos trouxeram redução, muito pequena,
ainda, na diferença entre os ricos e os pobres. Essa redução se deve à ação do
Estado, em sua política compensatória, que se refletiu no aumento da demanda de
bens de consumo necessário, e, em conseqüência, do aumento da atividade
econômica virtuosa.
A crise mundial, neste tempo de globalização neoliberal, e
do primado das finanças sobre a produção, não poupa ninguém. Teremos que fazer
opções, e opções graves. Tancredo costumava dizer que o governante é obrigado a
fazer escolhas difíceis, a cada minuto. Terá que escolher entre construir a
ponte e escola; entre o estádio de futebol e o hospital, entre a estrada e o
laboratório de pesquisas, entre contratar professores ou policiais. Hoje, os
governantes estão pendentes do PIB. Mas, o que é mesmo o PIB? O objetivo do
homem não é apenas o de produzir, mas o de produzir para viver bem.
Dilma afirmou que sua preocupação não é com o PIB, mas,
sim, com as crianças brasileiras. É preciso mudar o índice do PIB, por alguma
coisa como FIB - Felicidade Interna Bruta. A astúcia do capitalismo é a de
transformar os seres humanos em alucinados pelos automóveis de luxo, pelas
roupas de grife, pelo mundo colorido das chamadas celebridades.
A presidente afirmou que o Brasil, para enfrentar a crise,
não vai usar os mesmos métodos dos países europeus, que entregaram seu destino
aos banqueiros e, em razão disso, castigam os trabalhadores.
Os grandes bancos, conforme denunciou The Economist, se
transformaram em gangues de assaltantes. Não estão sujeitos a qualquer
fiscalização, e decidem o quanto devem saquear do mundo do trabalho, como, sob
a liderança do Barclays, fizeram ao manipular a taxa Libor. Em todos os países europeus,
os cortes orçamentários atingem o ensino, a segurança dos cidadãos, os
empregos, a saúde pública.
Contra a crise, é preciso voltar ao estado de bem-estar
social.
Fonte: Blog do Mauro Santayana
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