14.7.12
Postado por
Sávio Hackradt
A invenção da moeda, contemporânea à do Estado, foi um
dos maiores lampejos da inteligência humana. A primeira raiz indoeuropéia de
moeda é “men”, associada aos movimentos da alma na mente, que chegou às línguas
modernas pelo verbo sânscrito mányate (ele pensa). Sem essa invenção, que
permite a troca de bens de natureza e valores diferentes, não teria havido a
civilização que conhecemos.
Por Mauro Santayana, em seu blog
A construção das sociedades e sua organização em estados
se fizeram sobre essa convenção, que se funda estritamente na boa fé de todos
que dela se servem. Os estados, sempre foram os principais emissores de moeda.
A moeda, em si mesma, é neutra, mas, desde que surgiu, passou a ser também
servidora dos maiores vícios humanos. Com a moeda, vale repetir o lugar comum,
cresceram a cobiça, a luxúria, a avareza – e os banqueiros.
A moeda, ou os valores monetários, mal ou bem, estavam sob
o controle dos Estados emitentes, que se responsabilizavam pelo seu valor de
face, mediante metais nobres ou estoques de grãos. Nos tempos modernos, no
entanto, a sua garantia é apenas virtual. Os convênios internacionais se
amarram a um pacto já desfeito, o Acordo de Bretton Woods, de 1944. A ruptura
do contrato foi ato unilateral dos Estados Unidos, sob a presidência Nixon, ao
negar a conversibilidade em ouro do dólar, moeda de referência internacional
pelo Acordo.
Essa decisão marca o surgimento de uma nova era, em que o
valor da moeda não se relaciona com nada de sólido. Os bancos, ao
administrá-la, deveriam conduzir-se de forma a merecer a confiança absoluta dos
depositantes e dos acionistas, e assegurar essa mesma confiabilidade às suas
operações de crédito. O papel social dos bancos é o de afastar os usurários e
agiotas do mercado do dinheiro. Mas não é desta forma que têm agido, sobretudo
nestes nossos tempos de desmantelamento dos estados.Hoje, não há diferença
entre um Shylock shakespereano e qualquer dirigente dos grandes bancos.
Na Inglaterra, o escândalo do Barclays, que se confessou o
primeiro banco responsável pela manipulação da taxa Libor, provocou o espanto
da opinião pública, mas não dos meios financeiros que não só conheciam o
deslize, como dele se beneficiavam.
Segundo noticiou ontem El Pais, os dois grandes executivos
da Novagalícia, surgida da incorporação de duas instituições oficiais da
província galega – a NovaCaixa e a Caixa Galícia – e colocada sob o controle de
Madri em setembro do ano passado, pediram desculpas aos seus clientes, por ter
a instituição agido mal. Entre outros de seus malfeitos, esteve o de enganar
pequenos investidores mal informados, entre eles alguns analfabetos, com
aplicações de alto risco, ou seja, ancoradas em débitos podres, as famosas
subprimes, adquiridas dos bancos maiores que operam no mercado imobiliário do
mundo inteiro.
Além disso, os antigos responsáveis por esses desvios,
deixaram seus cargos percebendo indenizações altíssimas. E os novos
administradores tiveram sua remuneração reduzida, por serem as antigas
absolutamente irracionais. Com todas essas desculpas, a Novagalícia quer uma
injeção de seis bilhões de euros, a fim de regularizar a sua situação.
Este jornal reproduziu, ontem, artigo de The Economist, a
propósito da manipulação da taxa Libor, por parte do Barclays, e disse, com a
autoridade de uma revista que sempre esteve associada à City, que não há mais
confiança nos maiores bancos, do mundo, como o Citigroup, o J.P.Morgan, a União
de Bancos Suíços, o Deutschebank e o HSBC. Executivos desses bancos, de Wall
Street a Tóquio, estão envolvidos na grande manipulação sobre uma movimentação
financeira total de 800 trilhões de dólares.
Para entender a extensão da falcatrua, o PIB mundial do
ano passado foi calculado em cerca de 70 trilhões de dólares, menos de dez por
cento do dinheiro que circulou escorado na taxa manipulada pelos grandes
bancos. A Libor, sendo a taxa usada nas operações interbancárias, serve de
referência para todas as operações do mercado financeiro.
O mundo se tornou propriedade dos banqueiros. Os
trabalhadores produzem para os banqueiros, que controlam os governos. E quando,
no desvario de sua carência de ética, e falta de inteligência, os bancos
investem na ganância dos derivativos e outras operações de saqueio, são os que
trabalham, como empregados ou empreendedores honrados, que pagam. É assim que
estão pagando os povos da Grécia, da Espanha, de Portugal, da Grã Bretanha, e
do mundo inteiro, mediante o arrocho e o corte das despesas sociais, pelos
governos vassalos, alem do desemprego, dos despejos inesperados, das doenças e
do desespero, a fim de que os bancos e os banqueiros se safem.
Se os governantes do mundo inteiro fossem realmente
honrados, seria a hora de decidirem, sumariamente, pela estatização dos bancos
e o indiciamento dos principais executivos da banca mundial. Eles são os
grandes terroristas de nosso tempo. É de se esperar que venham a conhecer a
cadeia, como a está conhecendo Bernard Madoff. Entre o criador do índice Nasdaq
e os dirigentes do Goldman Sachs e seus pares, não há qualquer diferença moral.
Os terroristas comuns matam dezenas ou centenas de cada
vez. Os banqueiros são responsáveis pela morte de milhões de seres humanos,
todos os anos, sem correr qualquer risco pessoal. E ainda recebem bônus
milionários.
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