CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

3.7.12


Por Leide Franco (@LeideFranco)

Cheguei a conclusão que ônibus coletivo e filas de banco são lugares de muitas histórias. Estava na terceira fila de cadeiras da longa espera por um atendimento bancário. Sobrava uma cadeira ao meu lado. Uma única. De repente, como se a poltrona de acolchoado azul fosse propriedade sua, nela sentou-se uma menina linda. Aparentava ter nove anos. Ela era tão linda que parecia ter saído de um comercial de bonecas.

Carrega os olhos mais azuis do mundo e os mais vibrantes também. O sorriso era composto por lindos dentões brancos que quando abertos formavam duas barroquinhas, uma em cada lado das bochechas cor de rosa. Os cabelos escorriam em cachos dourados pelos ombros, alcançando a cintura. Nunca vi igual.

Estranhei. Perguntei:

- Você está sozinha aqui?

- Não. Vim com minha avó. Aquela que está ali falando com aquele homem de camisa azul, apontou com o dedo indicador esticado.

Coincidentemente muitos homens vestiam camisas azuis – quero dizer, azuis falsos, uma imitação barata do azul, pois todo o azul verdadeiro estava preso dentro dos seus olhos hip-no-ti-zan-tes. No mínimo eles roubaram o azul do mundo. Todo o resto era um meio azul.

Como é seu nome? Perguntei.

Luiza, ela disse. Não, é Maria Luiza, consertou. Maria por causa da minha avó e Luiza era o nome da minha mãe, respondeu com essa frase pronta há anos.

Era da sua mãe? Indaguei.

Sim. Confirmou.

Mas por que era? Importunei.

Porque era. Ela morreu.

Calei.

Morreu quando eu nasci. Continuou ela interrompendo meu silêncio.
Ah, morreu de parto? Questionei.

Foi. Minha avó diz que foi Deus quem quis assim. Ela diz que ela é como Jesus. Morreu para me salvar.

0 comentários:

Postar um comentário


Estação Música Total

Últimas do Twitter



Receba nossas atualizações em seu email



Arquivo