CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

1.8.12


Por Gustavo Maia (@GustavoMaia1)

A visão romântica do empreendedor antigo que, com o espírito pioneiro, desbravava fronteiras e explorava novas dimensões de negócios, mercados e ramos de atuação estão dando lugar ao pragmatismo do perfil empreendedor que sempre foi defendido pelos estudiosos mais tradicionais: o empreendedor-administrador.

A maior parte dos cursos de empreendedorismo que existe no mercado são cursos de quê? Claro, de administração de empresas ou gestão de negócios. Todo negócio precisa ser gerido para não fracassar. Pessoas com perfil empreendedor sem ter algum controle mínimo dos seus números, dos seus processos, das pessoas e do seu mercado está fadado ao fracasso. Uma boa gestão, portanto, alinhada à onda da profissionalização das organizações, é fundamental.

Acontece que um administrador não necessariamente é um empreendedor. E a arte, a experiência e a sabedoria? Serão substituídos por inteligência, conhecimento e padronização? Não se engane empreendedores precisam de uma boa gestão para sobreviver, mas uma boa gestão não garante o crescimento. Para crescer, fazer algo muito bem não é suficiente, é preciso fazer alguma coisa diferente, pois os modelos padronizados, as técnicas disseminadas amplamente, os benchmarks, as referências, a análise dos dados, a pesquisa de mercado, isso todo mundo faz. Valorizar demais o que está garantindo a sobrevivência pode estar paralisando o crescimento, o que parece um paradoxo, pois os empreendedores procuram aprender técnicas de gestão justamente porque querem crescer. Veja a história dos empreendedores bem-sucedidos e você entenderá o que eu estou falando. Embora todos, em algum momento, tenham precisado aprender técnicas de gestão para melhorar seu negócio, nenhum deles abandonou seu DNA, o que faz a diferença do seu negócio.


Por isso ainda precisamos dos dois pioneiros, dos malucos inconsequentes, dos artistas incompreendidos, dos que se recusam a entrar nos moldes e padrões pré-estabelecidos. Não vamos deixas às técnicas testadas e provadas aniquilarem a intuição. Não podemos permitir que a criatividade fosse suplantada pela modelagem. Não vamos deixar a onda da gestão profissional matar a marte de empreender, porque empreender é muita mais que gerir.

É por isso que fico incomodado ao ver cada vez mais empreendedores disseminando a importância de administrar bem o seu negócio como se fosse uma panaceia universal, a solução de todos os seus problemas, e afirmando que antes ele não era empreendedor, e agora que aprendeu a gerenciar seu negócio é que se sente empreendedor. Acredite que ele precise ouvir seu estômago, em vez do seu cérebro, de vez em quando, tanto quanto o Brasil precisa acreditar no futebol arte como forma de surpreender quem está acostumado a jogar do jeito “certo”. Aprenda as técnicas modernas, mas não mate seu potencial empreendedor, porque esse é seu diferencial. São suas características pessoais que  tornam diferente dos demais e podem representar seu fator de competitividade, seja ela a criatividade, o relacionamento pessoal, a intuição, a visão, a inspiração ou qualquer outra coisa que, ao contrário das técnicas e métodos, não são facilmente aprendidos e disseminados. Ser igual aos outros só coloca você no jogo. Mas, depois que entrou no jogo, seu desafio é ser diferente.

Como dizia Raul Seixas, “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”

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