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Sávio Ximenes Hackradt

17.3.12


De olho no país como homenageado da Feira do Livro de Frankfurt, e no Ano da Alemanha no Brasil em 2013, festival berlinense dedicará Oficina de Tradução à poesia brasileira. O resultado será uma antologia binacional.
Jussara Salazar é uma das autoras participantes
Foto Divulgação

Fonte: Deustche Welle*

A Oficina de Tradução do Festival de Poesia de Berlim de 2012 será dedicada à poesia brasileira. Seis poetas nacionais e seis alemães, mediados por um tradutor, adaptarão as obras uns dos outros durante a 13ª edição do evento, a ser realizada entre 1º e 9 de junho. Os nomes dos participantes acabam de ser definidos.

Do lado brasileiro, estarão os autores Jussara Salazar, Horácio Costa, Ricardo Aleixo, Marcos Siscar, Dirceu Villa e Érica Zíngano. Do lado alemão, marcarão presença Ann Cotten, Jan Wagner, Christian Lehnert, Ulf Stolterfoht, Barbara Köhler e Gerhard Falkner. O resultado da oficina será uma antologia binacional e bilíngue, a ser publicada em 2013 pelas editoras 7Letras, no Brasil, e Das Wunderhorn, na Alemanha.

De acordo com a proposta do projeto de traduções, realizado desde 2002, os autores trabalham em conjunto, aos pares, com a ajuda de um intérprete. Após o tradutor preparar uma versão bruta dos textos, os poetas passam dias trabalhando em cima dos poemas. Eles se envolvem diretamente no processo de tradução, preocupando-se com rimas, ritmo e sentido.

O poeta brasileiro Ricardo Domeneck, residente em Berlim, foi convidado neste ano pela Literaturwerkstatt – organizadora do Festival – para realizar a curadoria da Oficina de Traduções e escolher os autores brasileiros. "Eram apenas seis poetas e era impossível representar todo o Brasil. Então, a minha preocupação primordial foi a qualidade dos textos", diz. "Também me preocupei em que fossem poetas que ainda não tivessem sido traduzidos na Alemanha."


Língua portuguesa

Jussara Salazar ficou contente, porém apreensiva ao receber o convite para participar da oficina em Berlim, por não ter conhecimentos de alemão. A pernambucana, que vive em Curitiba há mais de 20 anos, já participou de outros projetos ligados à poesia no exterior – como uma leitura de poemas latino-americanos na Universidade de Nova York, por exemplo. Mas esta será sua primeira vez em um festival internacional.

"Existe sempre a barreira da língua, porque o português não é um idioma muito conhecido fora dos países de língua portuguesa. Por isso, há certa dificuldade em haver trocas entre poetas brasileiros e de outros países", considera Salazar. Para a poeta, a oficina berlinense é interessante justamente por envolver a tradução, que torna o diálogo viável.

"A ideia de trabalharmos uns com os poemas dos outros é fantástica. Porque a língua não é só um código que usamos para nos comunicar. Ela carrega consigo uma cultura. Portanto, a oficina será um encontro de culturas", aposta a escritora.

O poeta alemão selecionado para fazer par com Salazar foi Christian Lehnert, formado em Teologia. Assim como com relação aos demais autores, a escolha do par levou em conta afinidades entre os escritores dos dois países. Neste caso, o que os uniu foi a religiosidade, tema que permeia a obra de Salazar.

Frankfurt

O Brasil não foi escolhido para a Oficina de Tradução deste ano por acaso. "Em 2013, o Brasil será o país homenageado da Feira do Livro de Frankfurt, e esta é uma ótima oportunidade de apresentar a antologia teuto-brasileira que resultará da oficina", considera Aurélie Maurin, coordenadora das oficinas de tradução da Literaturwerkstatt Berlin. Além disso, ela destaca que 2013 também será o ano da Alemanha no Brasil, e há planos de promover um grande lançamento do livro também em terras brasileiras.

"Trata-se de muito mais do que uma oficina de tradução. Há um diálogo direto entre os poetas. E os resultados são muito impressionantes, pois é raro que autores participem da tradução de seus próprios textos. Talvez fosse melhor falar em releituras do que em tradução", destaca Maurin sobre o projeto.

O curador Ricardo Domeneck acredita que a iniciativa seja importante por "incentivar os escritores vivos e que estão produzindo agora". Ele mesmo já participou da Oficina de Tradução organizada pela Literaturwerkstatt em 2008, a qual se dedicou a poetas de língua portuguesa. Também já houve edições do projeto e antologias publicadas em francês, árabe, polonês, espanhol e inglês.

Domeneck lamenta a escassez de obras de escritores brasileiros traduzidas na Alemanha e no mundo. Após dez anos vivendo em Berlim, ele comemora agora a tradução para o alemão de seu mais recente livro, Ciclo do amante substituível, a ser publicado em breve no país. O poeta, assim como a coordenadora do projeto, espera que os seis escritores brasileiros convidados para a oficina deste ano estendam o diálogo com a Alemanha para além do festival, e que a iniciativa resulte em mais colaborações futuras.

Por Luisa Frey* (Portal Vermelho)

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