29.3.12
Postado por
Sávio Hackradt
Depois
de quase 51 anos de atuar como repórter e protagonista na Campanha da
Legalidade de Leonel Brizola, Flávio Tavares resolveu dar seu relato daquele
acontecimento que revirou a história do Brasil, em “1961, o golpe derrotado ―
Luzes e sombras do Movimento da Legalidade”, pela Editora L&PM (232
páginas, R$ 37,00). A demora valeu a pena, porque Flávio, já escritor
consagrado de outras obras e veterano de mais embates, aqui e no exterior, está
no auge de seu estilo e apuro de observador. Com a presença de amigos,
jornalistas, intelectuais e parlamentares Flávio Tavares lançou sua nova
obra, com participação de Zuenir Ventura, na semana passada, na livraria
Argumento do Leblon no Rio.
Fonte:
www.pdtrs.com.br
Flávio
Tavares foi testemunha e ativo participante do Movimento da Legalidade,
deflagrado em agosto de 1961 pelo então Governador do Rio Grande do Sul, Leonel
Brizola, quando os ministros militares responderam à inesperada renúncia de
Jânio Quadros à Presidência da República, com um golpe de Estado “para impedir”
que o Governo caísse “nas mãos ameaçadoras do comunismo”. Graças à audácia de
Leonel Brizola, o plano dos militares foi paralisado e o movimento acabou por
derrotá-lo.
O
livro de Flávio Tavares resgata episódios famosos e revela fatos inéditos da
rebelião. Detalhes de como Brizola e o então Presidente da Varig, Rubem Berta,
enganaram a FAB (Força Aérea Brasileira) e a Aviação da Marinha sobre a viagem
de João Goulart de Montevidéu.
O
autor diz que o livro é uma espécie de crônica testemunhal dos 13 dias que
mudaram a política e a vida do Rio Grande do Sul e do Brasil, influindo
inclusive na conjuntura mundial:
―
O livro é um duplo depoimento meu, como jornalista e participante do Movimento
da Legalidade desde o primeiro momento, disse Flávio Tavares.
O
jornalista disse que a sua obra é o testemunho das “peripécias e labirintos do
Movimento da Legalidade, com detalhes sobre como os derrotados de 1961 (os
militares) planejaram o golpe de 1964”. Além dos fatos, o livro apresenta
também documentos como um memorando da Embaixada norte-americana, produzido
pela CIA, que alerta sobre a necessidade de barrar a chegada de Jango ao poder.
Um
dos motivos que levaram Flávio Tavares a escrever esse livro foi a constatação
que o golpe de 1961 nunca foi bem interpretado pela História recente do Brasil,
mesmo em se tratando de um movimento cuja importância está no fato de “ser o
único a derrotar um golpe de Estado pela mobilização popular”.
Flávio
observa que a imprensa e o rádio tiveram papel fundamental nesse episódio,
mostrado numa edição extra do jornal Última Hora, do qual ele fazia parte, que
foi editada “nos porões do Palácio do Governo do Rio Grande do Sul”, para que
os jornalistas não fossem atacados pelo Exército.
Protagonista
Zuenir
Ventura disse que o livro foi produzido bem ao estilo de Flávio Tavares, pela
qualidade que apresenta e que se encontra em outras obras do jornalista, como
“Memórias do esquecimento – Os segredos dos porões da ditadura” (vencedor do
Prêmio Jabuti, em 2000), no qual o autor reconstrói o período da luta armada no
Brasil:
―
É uma obra em que o Flávio junta o estilo literário ao rigor jornalístico num
ritmo de trilha policial, para relatar o que ele chama de os 13 dias que
mudaram o Brasil. É curioso que ele viveu esse movimento (Movimento da
Legalidade) como repórter e protagonista relatando os acontecimentos. É um
livro muito bem escrito que informa os bastidores no porão do Palácio Piratini
(sede do Governo gaúcho). É o melhor relato sobre essa época, sobretudo sobre a
crise, elogia o colunista do Globo.
Beatriz
Bissio, editora da revista Cadernos do Terceiro Mundo, disse que apesar de
ainda não ter lido o livro espera muito da obra, porque conhece a seriedade de
Flávio Tavares e, sobretudo, a forma como ele “se debruça nos temas e é
dedicado à pesquisa”.
A
jornalista lembra que, além de ter vivido os episódios, Tavares carrega toda
uma experiência junto ao ex-Governador Brizola e como militante, o que
possibilita ao leitor “voltar o olhar para esse momento tão específico do
Brasil no século XXI”.
Beatriz
considera a proposta do livro extremamente importante, sobretudo para as novas
gerações que têm poucas referências e possibilidades de revisitar as
circunstâncias históricas que nele estão relatadas:
―
Um momento em que forças políticas reúnem-se em torno de uma liderança forte
como a do Brizola, e resistem a uma tentativa de golpe de Estado que,
lamentavelmente, se concretizou três anos depois (1964), afirmou Beatriz.
Militância
Jorge
Miranda Jordão, ex-diretor de Redação da Última Hora, disse que sentia
dificuldade em descrever Flávio Tavares, por se tratar de um personagem com
muitas qualidades como pessoa e profissional, mas falou sobre a amizade com o
colega de militância política e jornalística:
―
Companheiro de jornal, de lutas políticas, de ideologia e um grande amigo. Eu
tenho cinco amigos na vida, o Flávio Tavares é um deles, declarou.
O
Vereador Leonel Brizola Neto (PDT-RJ) descreveu Flávio Tavares como o único
jornalista capaz de resgatar com preciosidade os bastidores do Movimento da
Legalidade, com a riqueza de detalhes como a história é contada no livro:
―
Os fatos históricos relatados por ele deveriam estar sendo divulgados em todas
as universidades e escolas públicas, os fóruns do povo, para que coisas como
essas (a tentativa de golpe dos militares) não aconteçam novamente, afirmou o
parlamentar.
Perguntado
sobre a importância de Brizola nesse episódio, o vereador disse o seguinte:
―
A maior arma do Brizola na Campanha da Legalidade não foi a metralhadora que
ele aparece empunhando em uma foto histórica, foi o microfone, a comunicação,
um canal semelhante às ferramentas sociais que temos hoje, como Facebook e
Twitter que detonaram explosões sociais no mundo inteiro. O Brizola, através do
rádio, mostrou que ele era um grande comunicador, disse o Vereador Brizola
Neto.
O
lançamento do livro de Tavares foi também um acontecimento que serviu para
reunir os amigos, entre os quais o advogado e ex-Presidente da Riotur, Trajano
Ribeiro. Ele comparou Flávio Tavares aos grandes personagens da História do
Brasil, “pelos enormes serviços prestados à democracia no nosso País”.
Trajano
lembrou os 50 anos do Movimento da Legalidade afirmando que o lançamento do
livro é importante porque muitas pessoas não conhecem essa passagem da
História. Ele destacou também a importância da campanha para a manutenção das
liberdades democráticas:
―
Liberdades que duraram três anos e depois foram atingidas pelo golpe de 64, que
tinha sido tentado contra Getúlio, em 1954, e depois, em 55, quando quiseram
impedir a posse de Juscelino. O Flávio é a pessoa que tem legitimidade para
falar sobre isso, porque como jornalista foi o olho da História, afirmou
Trajano Ribeiro.
O
autor
Flávio
Tavares foi colunista político nos anos 1960 da Última Hora do Rio de Janeiro,
São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre. Preso e banido do Brasil pela
ditadura em 1969, exilou-se no México, foi redator do Excelsior e
correspondente internacional de O Estado de S. Paulo em Buenos Aires e Lisboa.
No
retorno do exílio, foi editorialista político do Estadão e correspondente da
Folha de S. Paulo na Argentina. Hoje, é articulista dominical do Zero Hora, de
Porto Alegre. Escreveu também “O dia em que Getúlio matou Allende”, que
conquistou o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 2004, e o
Jabuti, em 2005.
Estação Música Total
Últimas do Twitter
Arquivo
-
▼
2012
(1376)
-
▼
março
(157)
- Atendimento de crianças na pré-escola cresceu mais...
- Brasil deve promover a agricultura e proteger as f...
- Comissão aprova criação de crime de terrorismo
- Decisão do STJ pode banalizar violência sexual con...
- Livro eletrônico sobre organizações de trabalhador...
- Bin Laden viveu em 5 casas e teve 4 filhos no Paqu...
- Empreiteiro diz que presidente do DEM recebeu R$ 1...
- Demóstenes prejudicará DEM nas eleições, dizem esp...
- Preso mais um envolvido no furto ao Banco Central
- Relator de comissão especial sobre marco civil da ...
- MP investiga contratação de policiais sem concurso...
- Congressistas repudiam decisão do STJ sobre estupr...
- Decisão sobre estupro de vulnerável pode ser revista
- Emergentes exigem pressa na reforma do FMI
- Brasil terá de prestar contas à OEA sobre morte de...
- Náufrago é recuperado após passar 27 dias à deriva...
- Licitação, porta aberta para a legitimidade e lega...
- Travessia Fernando de Noronha a Natal
- Igualdade racial: país tem longo caminho pela frente
- Pesquisa da CNI mostra alto índice de satisfação d...
- STJ mantém bafômetro como prova de embriaguez ao v...
- Venda de materiais de construção deve movimentar R...
- Ver TV é atividade preferida pelo brasileiro no te...
- Livro resgata o Movimento da Legalidade
- Brasileiro lê, em média, quatro livros por ano
- Comissão aprova restrição ao consumo e à propagand...
- Cerca de 75% dos brasileiros jamais pisaram em uma...
- Palhaços comemoram o Dia Nacional do Circo com crí...
- Lei ‘antibaixaria’ limita musicas maliciosas na Bahia
- Sexo com menor pode não ser estupro
- Os internautas e atividades financeiras
- MPF pede anulação e demissões de contratados em at...
- Benefício integral pode ser dado a 12 mil aposenta...
- Futebol: Brigas entre torcidas foram marcadas pela...
- Você quando você muda
- Cerca de 7 milhões de crianças deverão participar ...
- Slogans na propaganda
- Professores culpam pais e alunos por notas baixas
- ONG vai mostrar exemplos de práticas sustentáveis ...
- População mundial espera um mundo mais violento em...
- Último Desejo - Maysa e Rildo Hora
- Cenas de ilicitude explícita
- Incentivos do governos às empresas somam R$ 97,8 b...
- Para famílias, mobilização pela síndrome de Down é...
- Curso de fotografia
- Tuberculose mata 200 crianças por dia no mundo, al...
- A música de Senna pra arrancada do fim de semana
- Fórum Mundial de Sustentabilidade: Sem compromisso...
- PF prende em Curitiba acusados de manter site raci...
- Custo da transposição do São Francisco aumenta 71%...
- Maioria dos brasileiros está na classe C
- Segurança de urna eletrônica é violada em teste no...
- PCdoB comemora 90 anos e homenageia Glênio Sá e Al...
- Quando a verdade não triunfa
- Dieese: 87% dos acordos salariais resultaram em au...
- Câmara dos Deputados discute regulamentação da com...
- Lançado banco de dados sobre população negra brasi...
- Governo define Manual de Atenção à Pessoa com Sínd...
- Elizabeth Beltrán: A água novamente entre a vida e...
- Dobra o uso de celular em transações bancárias no ...
- Um bilhão devem morrer por causa do fumo até o fin...
- Os efeitos da insegurança
- OIT: América Latina deve avançar nos direitos de d...
- Senado aprova aposentadoria integral por invalidez...
- Eleitora é multada em R$ 5 mil por fazer propagand...
- Dia Internacional da Síndrome de Down
- Por que amamos tanto a beleza?
- China quer dobrar o ensino de português em univers...
- Brasil já tem mais de 247 milhões de linhas de cel...
- Intelectuais pedem, em manifestos, saída de Ana Ho...
- IMS lança site destacando a vida e obra do composi...
- Manifesto de militares critica colegas que atacara...
- Para diretora-gerente do FMI, economia mundial dá ...
- Memorial do Guerrilheiro Glênio Sá - Cidadão Natal...
- Para centrais sindicais, números do Caged mostram ...
- Estudo da Firjan aponta que 83% dos municípios não...
- IR: declaração de compra de imóvel é uma das maior...
- A beleza na publicidade
- STF reabre julgamento da Lei de Anistia na próxima...
- Berlim: Festival de Poesia destaca Brasil em 2012
- 1ª Conferencia Estadual sobre Transparência e Cont...
- A questão do quinto constitucional dos tribunais
- Mafalda, 50, já não é mais uma garotinha
- STF julga ação que tramitava há 52 anos na Corte e...
- TSE proíbe pré-campanha eleitoral pelo Twitter
- Crescimento do setor de shopping center deve super...
- Em menos de um ano, 165 moradores de rua foram mortos
- 25% das brasileiras sofre algum tipo de violência ...
- O arsenal chamado classe C
- Brasil mapeia novas áreas de terras-raras
- Serviços Ecossistêmicos: o caminho para a economia...
- Ipea conclui que 85% dos principais aeroportos bra...
- Senado aprova direito de resposta contra matéria j...
- Professores decidem amanhã se entram em greve
- Maioria dos estados descumpre piso nacional do mag...
- Nova lei pode liberar xerox de livro inteiro
- Mutirão tenta implementar Lei de Acesso à Informaç...
- No Iraque emos e gays são vitimas de violência
- Vício maldito
- Desculpa, mas qual é a sua idade?
-
▼
março
(157)
0 comentários: