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Sávio Ximenes Hackradt

16.2.11


Brasil registrou uma morte; maior problema no país são ações judiciais para censurar reportagens, diz comitê
Tatiana Farah, O Globo
Em 2010, 44 jornalistas foram assassinados em todo o mundo, entre eles um no Brasil, segundo relatório do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Só este ano, a violência já vitimou cinco profissionais, dois que cobriam os protestos no Egito e na Tunísia. Décimo quarto país no ranking da violência contra a imprensa, o Brasil registrou 17 mortes desde 1992, a maioria (72%) ligada a reportagens sobre corrupção.
No Brasil, a maior ameaça à liberdade de imprensa está nos meios judiciais, com centenas de processos que visam censurar ou punir reportagens.
As denúncias dos ataques integram o relatório anual do CPJ, lançado ontem em São Paulo, com o apoio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). De acordo com o comitê, há 145 jornalistas presos em todo o mundo, em razão de suas reportagens.
Além dos 44 assassinatos confirmados, outras 31 mortes estão sob investigação.
Após dois anos sem assassinatos confirmados no país, o diretor da Radio Caicó (RN), Francisco Gomes de Medeiros, foi morto em 2010, em razão de uma reportagem sobre um assalto.
Dos países da América Latina, o Brasil só é superado pela Colômbia, com 43 mortes, e o México, com 24 assassinatos. A América Latina vive um dos seus piores momentos desde 1992, quando os dados começaram a ser apurados.
— A democratização da América Latina não trouxe as reformas judiciais necessárias para garantir a liberdade de imprensa. Esse foi um dos piores anos de ataques à imprensa. Organizações criminosas expandiram seu poder. Antes, governos ditatoriais matavam; hoje, são organizações transnacionais de narcotráfico que matam e desaparecem com jornalistas — disse o coordenador sênior do CPJ para o programa das Américas, Carlos Lauría, informando que, em quatro anos, o narcotráfico no México matou 30 repórteres.

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