4.2.11
Artigo
Antonio Capistrano – Foi reitor da UERN é filiado ao PCdoB
No dia 25 de janeiro de 2011, se vivo estivesse, Luiz Maranhão completaria 90 anos de idade. Pensei em realizar um evento em sua memória, não foi possível. Como não poderia deixar passar em branco, escrevi esse registro, é apenas uma pequena homenagem.
Conheci Luiz Maranhão em 1962, através do meu irmão Franklin Capistrano, que já era do Partido, eu tinha 15 anos, era um garoto, começava a trilhar a militância política. O nosso primeiro encontro ocorreu em uma reunião realizada na sede do Sindicato dos Motoristas, localizado no Baldo. Era uma reunião com o objetivo de traçar ações de solidariedade ao povo cubano. Cuba sofrera a invasão da Baía dos Porcos, invasão patrocinada pelo governo ianque e executada pelos exilados cubanos com o apoio da CIA. Invasão frustrada pela reação enérgica do povo e das forças revolucionárias cubanas.
Naquela noite ficou decidido fazer uma serie de pichações com frases de apoio ao povo e ao governo cubano. As palavras de ordem eram: “Viva Cuba, fora ianque”, “Cuba sim, ianque não”, “Viva Cuba livre”, “Abaixo o imperialismo”. Além da pichação, o nosso grupo, que era de jovens estudantes, ficou com a tarefa de paralisar os colégios. Outra ação com a participação de todos foi de panfletagem, distribuição de um manifesto assinado por diversas entidades condenando o ataque ianque e manifestando o apoio ao povo cubano.
A partir daí passei a ter um contato mais freqüente com Luiz Maranhão, indo, vez por outra, com o meu irmão Franklin Capistrano, ao apartamento de Luiz que ficava na av. Rio Branco, de frente ao antigo mercado da Cidade Alta, hoje, Banco do Brasil. Lá também funcionava o consultório de odontologia da sua esposa, Dona Odete.
Luiz, um marxista convicto, era uma figura boníssima, carismático, ganhava logo a confiança das pessoas com quem conversava. Como deve ser todo comunista, Luiz era democrático, internacionalista, defensor da autodeterminação dos povos. Gostava de conversar com os jovens, não sei se por ser professor ou pela sua formação marxista, acreditava na juventude e incentivava a participação dos jovens nas atividades partidárias, transmitia confiança aos seus camaradas. Sua biografia comprova sua dedicação a causa socialista, tornou-se mártir da luta do movimento comunista no Brasil.
Para mim era motivo de orgulho, ainda muito jovem, iniciando a militância política, participar de reuniões com a presença de dirigentes do partido. Tínhamos uma verdadeira admiração pelos nossos líderes. Aqui, no estado, dois se destacavam - Dr. Vulpiano Cavalcanti, uma figura humana exemplar, médico nascido no Ceará, veio morar em Natal no final dos aos de 1930, aqui viveu até o fim da sua vida. Tive o privilégio de conhecê-lo e, como deputado estadual, de conceder-lhe o título de cidadão norte-riograndense, diploma entregue em uma bela sessão solene na Assembleia Legislativa em 1993. O outro, o camarada Luiz Maranhão, professor, advogado, jornalista, chefe de redação do Diário de Natal, homem das letras, um grande camarada.
Estas duas personalidades sintetizam a abnegação da maioria dos comunistas, despojados de interesses pessoais, dedicados às causas coletivas. Na época, ser militante comunista era ter uma vida atribulada pelas perseguições políticas, pelas prisões, pelo terror da tortura. Tanto Luiz como Vulpiano poderiam ter tido uma vida burguesa “tranqüila”, um era médico e o outro advogado e jornalista, ambos muito conceituados aqui no estado, mas, preferiram se dedicar aos seus ideais, as suas convicções, ao sonho de um mundo justo, um mundo socialista, um mundo de paz. Os dois tiveram uma vida cheia de perseguição, foram diversas vezes presos, torturados, mas, mantendo as suas convicções de forma inquebrantáveis, enfrentando a sanha fascista sem perder a fleuma dos justos.
O Partido Comunista, desde sua fundação, em 25 de março de 1922, até o fim da ditadura militar em 1984, foi perseguido e os seus militantes presos e torturados e muitos assassinatos, sem contar a campanha mentirosa que a mídia, historicamente, faz contra nós Luiz era dirigente nacional do Partido, homem culto, respeitado por todos, mantinha um importante diálogo com Roger Garaudy, na época, dirigente do PC francês, que como Luiz, acreditava na aproximação dos comunistas com os cristãos, juntos na construção da utopia, aliança basilar na luta pela vida e pela paz mundial. Nascido em Natal no dia 25 de janeiro de 1921, Luiz, como outros dirigentes comunistas, foi preso em abril de 1974, na cidade de São Paulo e, nos porões da ditadura foi torturado até a morte. Leandro Konder, prefaciando o livro de Conceição Góes, sobre a vida intelectual de Luis Maranhão, disse: “o prior do mosteiro dominicano do Leme, no Rio, dando um depoimento sobre o comunista com quem se encontrava declarou que era impossível conhecer Luis sem se sentir seu amigo”. É verdade, até hoje eu guardo essa imagem de Luiz Maranhão, um amigo de verdade, um exemplo de militante, um grande comunista. Portanto, fica aqui o registro dos 90 anos do nascimento desse grande homem – Luiz Ignácio Maranhão Filho.
Estação Música Total
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