CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

3.3.11


Do Portal Vermelho
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, cancelou a nomeação do sociólogo Emir Sader para a presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa. A decisão foi confirmada em nota publicada nesta quarta (2), no site da pasta. O novo nome ainda não foi definido. A decisão do ministério ocorre após o jornal Folha de S.Paulo publicar texto no qual atribui a Sader críticas à ministra Ana de Hollanda- “meio autista”- e à própria Casa Rui Barbosa - “meio de costas para a realidade”.
As declarações foram publicadas no domingo, no suplemento Ilustríssima. O sociólogo teria dito ainda que os cortes orçamentários do governo atingiriam mais a pasta da Cultura porque a ministra "fica quieta". Em seu blog, Sader afirmou que a entrevista foi "deturpada" e que "não houve intenção nenhuma de desqualificação".
O professor lamentou o texto “editorializado” da Folha, que começa indicando que o "espectro do comunismo" ronda o Ministério da Cultura. "A entrevista é editorializada desde o título até o final. Não tem nem a generosidade de te dar a palavra e depois, no final, dizer o que acha. É tudo editorializado”, lamenta. O título é “Um emirado para Emir”.
Sader argumentou que parte de sua conversa com os repórteres Marcelo Bortoloti e Paulo Werneck foi feita na condição de off, prática jornalística pela qual se publica o conteúdo sem citar a fonte. Além das críticas à ministra e à fundação, o texto atribui ao intelectual a seguinte afirmação: "O Caetano (Veloso) ziguezagueia, fala qualquer coisa. O (Gilberto) Gil foi ministro, tem que ter mais coerência, tem que fazer política. Quem diria que aquele nego baiano tem muito mais articulação do que o Caetano?"
O sociólogo entende que a intenção por trás da reportagem do diário paulista vai muito além de sua posse na fundação. “O problema não é comigo. É tentar inviabilizar um espaço de pluralismo intelectual, teórico, político. Isso é o que os assusta porque são do pensamento único. Então, quando se começa a falar, a dar voz pra esse, pra outro, pra outro, pra outro, ficam apavorados”, disse nesta terça-feira.

Sader não havia chegado a assumir o cargo. Ele defendia que a fundação fosse direcionada a estudar as transformações recentes no Brasil, especialmente as relacionadas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Nos últimos três dias, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou contornar a crise, confirmou uma fonte no Palácio do Planalto. Algumas fontes apontavam que o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, defendia a permanência de Sader no cargo. Ele, no entanto, nega que tenha se envolvido. "Não me meti no assunto, não tomei qualquer iniciativa em relação a essa questão", afirma, segundo sua assessoria de imprensa.
Depois do anúncio do Ministério, voltando atrás na nomeação, Sader também divulgou um comunicado, nesta quarta, no qual afirma que “o MinC tem assumido posições das quais discordo frontalmente, tornando impossível para mim trabalhar no Ministério, neste contexto”.
O sociólogo também destaca que “setores que detiveram durante muito tempo o monopólio na formação da opinião pública reagiram com a brutalidade típica da direita brasileira” ao seu projeto para a fundação. Leia abaixo:
Comunicado - Sobre a Casa de Rui Barbosa
Por Emir Sader, em seu blog
Consultado sobre a possibilidade de assumir a direção da Fundação Casa de Rui Barbosa, elaborei proposta, expressa no texto “O trabalho intelectual no Brasil de hoje”. No documento proponho que, além das suas funções tradicionais, a Casa passasse a ser um espaço de debate pluralista sobre temas do Brasil contemporâneo, um déficit claro no plano intelectual atual.
Como se poderia esperar, setores que detiveram durante muito tempo o monopólio na formação da opinião pública reagiram com a brutalidade típica da direita brasileira. Paralelamente, o MINC tem assumido posições das quais discordo frontalmente, tornando impossível para mim trabalhar no Ministério, neste contexto.
Dificuldades adicionais, multiplicadas pelos setores da mídia conservadora, se acrescentaram, para tornar inviável que esse projeto pudesse se desenvolver na Casa de Rui Barbosa. Assim, o projeto será desenvolvido em outro espaço público, com todas as atividades enunciadas e com todo o empenho que sempre demonstrei no fortalecimento do pensamento crítico e na oposição ao pensamento único, assumindo com coragem e determinação os desafios que nos deixa o Brasil do Lula e que abre com esperança o Governo da Presidente Dilma.
Rio de Janeiro, 2 de março de 2011
Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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