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Sávio Ximenes Hackradt

26.3.11

Folha Online
A Polícia Federal no Rio Grande do Norte prendeu em Natal, nesta sexta-feira (25), três homens suspeitos de apresentar documentação falsa para sacar o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Os três --de 28, 36 e 44 anos-- trabalham como garis e moram na zona norte da cidade.
A prisão aconteceu após a PF ter sido alertada pelo setor de segurança da Caixa Econômica Federal de que estava em trâmite, em uma agência localizada no Shopping Midway, uma solicitação de saque do FGTS e que o interessado teria utilizado um exame de sangue e um atestado médico falsos para receber um benefício de cerca de R$ 7.000.
Policiais do Núcleo de Operações e da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários foram até a agência e ficaram à espera do suspeito, que foi ao banco por volta das 14h30 e acabou flagrado com os documentos falsos.
Ele confessou o crime e apontou um comparsa que, segundo ele, havia lhe dado a papelada e o aguardava em um veículo no estacionamento. Ambos foram detidos e levados à Superintendência da PF em Natal.
Durante o interrogatório, eles afirmaram ser servidores públicos e que souberam que uma das formas de sacar o FGTS, enquanto estivessem empregados, seria provar que eram portadores do vírus HIV.
Ele contaram ainda que foram procurados por outro colega de trabalho que lhes garantiu que conseguiria exames falsos provando que os dois eram portadores de HIV. Em troca dos papéis, esse colega teria cobrado 22% do benefício. Eles disseram ter aceito a condição e fechado o acordo.
Segundo a PF, o suspeito preso no interior da agência recebia o benefício pela primeira vez e o comparsa, encontrado no estacionamento, era uma espécie de intermediário que entregava a documentação falsa e levava os servidores até a Caixa.
ARTE-FINALISTA
Enquanto prestavam depoimento, o celular de um deles tocou. Ao identificar que a pessoa que telefonava era apontada como o mentor do crime, os policiais autorizaram o suspeito a atender. Do outro lado da linha, o interlocutor perguntava pelo desfecho da ação e cobrava a comissão acertada, que deveria ser entregue a ele na área de lazer em um conjunto residencial.
Os policias armaram uma emboscada e prenderam o suspeito apontado como mentor do golpe. Segundo a PF, ele confessou o crime. Em sua casa foram encontrados documentos e uma série de eletromésticos novos que, segundo o próprio detido, foram comprados com dinheiro de saques fraudulentos de FGTS.
O mentor, que havia trabalhado anteriormente como arte-finalista, disse à PF que, quando descobriu que uma das maneiras de sacar o dinheiro do fundo era comprovando ser portador de HIV ou câncer, resolveu elaborar atestados médicos e exames laboratoriais com a ajuda de um programa de computador.
Ele disse que, quando comentou sobre a possibilidade da fraude no ambiente de trabalho, vários colegas o procuraram para sacar o benefício.
De acordo com a PF, os três foram indiciados sob suspeita de estelionato e uso de documentos falsos e conduzidos ao Centro de Detenção Provisória de Pirangi.

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