CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

27.3.11


Fábio Farias - Jornalista

Ethos significa o conjunto de valores que formam uma sociedade. A palavra vem do grego e é a raiz do substantivo ética. Na sociologia o ethos pode ser moral, como pode ser político.
No segundo caso, aplica-se ao conjunto de ideias que formam a imagem de um determinado personagem da política. É o famigerado “sou mãe, sou mulher” repetido à exaustão na campanha pela candidata do PV, Micarla de Sousa, para se contrapor ao suposto homosexualismo da candidata rival.
Dois anos depois das eleições e hoje recordista impopularidade - segundo dados da Consult, reprovação de mais de 80% - Micarla passou a usar de forma mais ostensiva a imagem de perseguida politicamente. Nas entrevistas a palavra é "arquitetado". Há um plano maligno conduzido por políticos inescrupulosos que estão arquitetando a baixa popularidade da prefeita.
Discurso que foi reforçado com a chamada "reforma administrativa", vinda oportunamente depois do carnaval e que, segundo alguns, pretende recolocar Natal no eixo. Está claro que o objetivo final é o de garantir algum capital político à prefeita para tentar, talvez, a reeleição. Ou um mínimo de dignidade nas eleições de 2012.
Não é preciso ser muito inteligente para ver que a tarefa é difícil. A fama de má administradora se enraizou em grande parte da cidade. Tudo - até o que, de fato, nada tem a ver com a prefeitura - cai na conta de Micarla. O principal culpado disso não são os políticos malignos, mas sim a própria falta de capacidade da prefeita. Seja administrativa, seja retórica.
Essa demagogia e o uso dessa imagem de perseguida, depois de dois anos governando com todas as ferramentas necessárias para um bom governo - apoio do legislativo e da imprensa - acaba por passar uma imagem de, no mínimo, um deslocamento da realidade. Ou, para os mais maliciosos, de cinismo puro.
Ler entrevistas e declarações de Micarla faz o cidadão pensar está diante de uma encenação. Afirmar que a cidade melhorou nos últimos dois anos, dizer asneiras como "a educação básica nunca foi tão boa como é hoje" e ousar falar que a cidade está arrumada chegam a insultar qualquer sujeito minimamente informado. Há um colapso total dos serviços públicos municipais e a prefeita parece ignorar isso nos discursos.
O cúmulo  veio da declaração dada por ela, nesta semana, sobre a baixa popularidade. Os dois primeiros anos de governo, segundo ela, foram levados sem apoios políticos, isso explica as turbulências administrativas. Jogou a culpa nos outros, não admitiu o próprio erro e brincou com a inteligência do eleitor. E a maioria na Câmara Municipal,  o apoio dos três senadores e de seis dos oito deputados federais do RN? Não foram apoios políticos?
Faria muito bem à imagem da prefeita se ela admitisse as falhas e os problemas e apresentasse soluções pertinentes para elas, Esse jogo demagógico de perseguição política não cola, até pela conjuntura político partidária que deu sustentação a eleição de Micarla. É nesse interím que uma frase, pixada nas ruas da Ribeira, ainda na época das eleições e em referência a atuação de Micarla na mídia, hoje faz todo sentido: Natal não é um programa de TV.

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