CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

16.3.11


Flávio Freire e Jaqueline Falcão, O Globo
Depois do acidente com os reatores japoneses em Fukushima, a população da área foi exposta a pelo menos 8 mSv (milisieverts) de radiação, uma quantidade que em pouco mais de 12 horas de exposição contínua chegaria facilmente a cem. É a partir deste nível que o perigo de doenças aumenta, como lesões de pele, problemas digestivos (incluindo náuseas e vômitos) e doenças respiratórias. Com 1 mil mSV aumentam as chances de danos à medula óssea, nossa fábrica de sangue, ocorrendo a redução de hemácias, leucócitos e plaquetas. E uma dose acima de 7 mil mSv mata em poucos dias.
Não existe uma dose certa para que algum efeito nocivo ocorra. Tudo é probabilidade. Vai depender da genética de cada pessoa e de outros fatores
Só para ter uma ideia, nas instalações da central nuclear, esse índice alcançou 400 mSv. A médio e a longo prazo (entre cinco e 20 anos) o material ionizante (quando tem energia suficiente para alterar os átomos) liberado por vazamentos nucleares pode causar mutações congênitas e malformações em gerações futuras. Os cânceres da glândula tireoide, leucemias e linfomas são os mais frequentes depois de acidentes desse tipo.
Segundo o médico espanhol Eduardo Fraile, presidente da Sociedade Espanhola de Radiologia Médica, as consequências da radiações ionizantes em saúde dependem, por um lado, de uma relação direta: há evidências científicas mostrando que quanto maior a dose, maior o perigo de desenvolver doenças. Mas outros fatores interferem, como a idade e as condições de saúde, além de tempo de exposição e distância da fonte de radiação. Duas pessoas podem receber a mesma dose e uma sofrer de câncer e a outra não, diz o radiologista.
Já foi divulgado que acidente no Japão liberou isótopos de césio e iodo nos arredores do complexo nuclear. E também pode ter ocorrido vazamento de isótopos de nitrogênio e argônio. Segundo médicos, os grupos mais vulneráveis à radiação ionizante são as crianças e os adolescentes, isso porque nessa faixa as células estão se multiplicando e se reproduzindo mais rapidamente do que no adulto.

O que nem todo mundo sabe é que estamos expostos a alguma forma de radiação diariamente, emitida na natureza e até quando voamos de avião; ou em exames e tratamentos médicos. Especialistas estimam que ao ano recebemos uma dose entre 2-3 mSv, de diferentes formas, sem qualquer risco para a saúde. Uma radiografia de tórax, por exemplo, emite, em média, de 0,06 a 0,1 mSv.
Segundo Lea Miriam, pesquisadora em medicina nuclear do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (da UFRJ), os resquícios de material radioativo registrados em cidades como Tóquio não são motivo para alamar as pessoas que estão naquela região. Dados de agências internacionais indicam que a contaminação do ar na capital japonesa chegou a 0,809 mSv.
- Esse é um volume é cem vezes menor do que uma pessoa pode receber - diz a pesquisadora, que não descarta a possibilidade de o ar ficar mais pesado caso novos vazamentos sejam verificados.
Na opinião do diretor de Eletrotécnica da Universidade de São Paulo (USP), José Goldemberg, o vazamento de iodo é o mais preocupante para a saúde, porque ele se fixa na glândula tireoide e pode provocar câncer e leucemias, em alguns anos. Daí a importância de distribuir à população comprimidos de iodo. Eles saturam a glândula tireoide, que fica incapacitada de absorver o iodo radioativo liberado no acidente. Segundo Goldemberg, a exposição a elementos radioativos pode provocar problemas físicos semelhantes ao de uma pessoa que se expõe com frequência a aparelhos de raios X.
O físico José Willegaignon, chefe do setor de Medicina Nuclear do Instituto do Câncer de São Paulo, explica que num exame de raios X a pessoa recebe até 5 mSv e numa tomografia o índice fica em torno de 10 mSv.
- Mas um paciente não faz exames de radiologia constantemente - lembra o físico.
Exames radiológicos emitem baixas quantidades
Num exame de tomografia computadorizada a exposição radioativa pode alcançar 20 mSv. Em outros exames de medicina nuclear esta dose chega a valores próximos a 40 mSv. Para a radiação fazer mal à saúde, explicam os especialistas, é preciso alcançar graus maiores. Numa escala de 0,5, 0,6 mSv, por exemplo, a pessoa só sente dor de cabeça e náuseas.
- Existe uma recomendação internacional de que um paciente submetido à radiação de 2 mSv deve ir para casa e seguir recomendações médicas. Acima disso é necessário fazer sua internação - comenta Willegaignon.
Os efeitos da exposição radioativa numa usina não podem ser comparados à exposição com uso do celular ou em exames de raios X
Uma exposição de 11,9 mSv por hora, como foi registrado no portão principal da usina nuclear de Fukushima na noite de anteontem, corresponde a uma exposição dez vezes superior à recomendada ao ano para um indivíduo, diz Leandro Baptista, físico-médico do Hospital AC Camargo, de São Paulo.
- Os efeitos da exposição radioativa numa usina não podem ser comparados à exposição com uso do celular ou em exames de raios X. - lembra. - A radiação emitida numa usina nuclear é do tipo ionizante, o que pode levar a danos no tecido humano.
De acordo com Baptista, a radiação nem sempre tem efeito imediato no organismo.
-- Não existe uma dose certa para que algum efeito nocivo ocorra, como por exemplo, o desenvolvimento de um câncer. Tudo é probabilidade. Vai depender da genética de cada pessoa e de outros fatores - afirma o médico.
Os acidentes nucleares mostram que as doses altas de radiação tendem a matar as células, enquanto as doses baixas danificam ou alteram o código genético das células irradiadas. No caso do Japão, o nível de radiação dependerá da combinação de isótopos radioativos no vapor que vazou das usinas. Enquanto não se sabe exatamente o que foi liberado, fica difícil dizer qual é o perigo para a saúde humana, dizem especialistas.

4 comentários:

  • o mundo???imagina pra quem tava aqui!!olha moro na Provincia Vizinha mas Gracas a Deus cidade loge..e digo foi horrivel..pior coisa que senti na minha vida!

  • pela primeira vez achei alguem q soube passar a informação com um pouco de tetalhe e falando de radioatividade de uma forma clara e correta....estou pas por falta de informação as autoridades pensam q agente é bobo, sou técnico em radiologia, entendo um pouco sobre o assunto... e eles só dizem q os níveis são mil vezes maior q o coreeto e talz...pq não dizem qto o iodo 131 contaminou a água em mSv!!!!

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