CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

15.3.11


Paulo Moreira Leite, Época
Leio nos jornais que a Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas do planeta, irá enviar uma missão para o Brasil. A isca é oferecer bolsas para estudantes e professores. O anzol é conseguir recursos brasileiros para ajudar a financiar a Universidade, às voltas com históricas dificuldades financeiras.
Vamos combinar: nós sabemos que o Brasil pode se tornar uma potencia dentro de 20 anos. Mas ninguém imaginava que já chegou a hora de ajudar a educação dos países ricos…
Num país como o Brasil, onde as universidades vivem de chapéu na mão, essa notícia não precisa ser tratada em tom de escândalo mas parece uma piada.
Basta percorrer a USP, a melhor universidade brasileira, para comprovar a imensa carência de recursos para material escolar, para professores, para indispensável ajuda financeira a estudantes carentes — sem falar nas vagas para novos estudantes, vergonhosamente baixas.
Harvard é uma instituição privada, que cobra mensalidades caríssimas da maioria de seus estudantes. Possui um sistema de financiamento junto a elite americana que foi retratado de modo realista no filme Rede Social, que exibe o acesso de dois jovens milionários à cupula da escola em função do patrocínio assegurado por seus pais.
Como todo mundo, reconheço a qualidade das pesquisas realizadas em Harvard. Visitei a escola mais de uma vez, entrevistei professsores que devem ser tratados como mestres internacionais. (Harvard também possui seus idiotas acadêmicos mas eles são inevitáveis em qualquer parte…).
Mas a idéia de que os brasileiros devem ajudar a financiar a boa educação americana é uma aberração cultural.
Acho difícil contestar que o Brasil deve ser a prioridade 1, 2, 3, 4…1000 para quem ganhou recursos no país. Não faltam boas escolas, públicas e privadas, a espera de donativos que podem ser muito úteis e produzir um retorno muito maior.
Do ponto de vista ético, esta prioridade brasileira é uma forma de retribuir a sociedade por benefícios recebidos de forma privada.
(Ou será que os filhos de empresários e de altos executivos que se formaram na Poli ou na Economia não devem nem um centavo ao cidadão humilde que carrega o fardo mais pesado de nossa carga fiscal?)
Reconheço, porém. É chiquíssimo ajudar Harvard, concorda?

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