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Sávio Ximenes Hackradt

24.3.11


Folha de São Paulo – Reuters, emViena
Cientistas japoneses encontraram concentrações "mensuráveis" das substâncias radioativas iodo-131 e césio-137 em amostras de água do mar retiradas a 30 quilômetros da costa, disse nesta quinta-feira a agência de fiscalização nuclear da ONU.
"As concentrações de iodo estavam acima dos limites regulatórios japoneses, e os níveis de cérios estavam bem acima desses limites", disse a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
Autoridades japonesas enviaram à agência dados de amostras coletadas em 22 e 23 de março, após terem detectado iodo e césio na água perto da danificada usina nuclear de Fukushima Daiichi, atingida pelo terremoto e o tsunami da semana passada.
"O Laboratório Marítimo da Aiea em Mônaco recebeu dados para revisão", disse a agência.
As autoridades detectaram nesta quinta-feira a presença de césio radioativo em um nível 1,8 vez mais alto do que o padrão em vegetais disponibilizados em Tóquio, segundo a agência de notícias Kyodo.
A contaminação por radiação já havia detectada em vários tipos de vegetais provenientes da área próxima à usina nuclear de Fukushima Daiichi, atingida pelo terremoto e tsunami de 11 de março. Mas esta foi a primeira vez que se detectou a contaminação em vegetais plantados na capital, 240 km ao sul da usina.
Autoridades do setor de transportes marítimos disseram nesta quinta-feira que alguns navios mercantes podem estar evitando o porto de Tóquio devido ao receio de radiação, e o Japão pode enfrentar problemas graves na cadeia de oferta de produtos na medida em que navios forem desviados.
Qualquer revés logístico pode implicar em grandes atrasos e congestionamentos no transporte marítimo nos terminais japoneses, incluindo o de Tóquio, dificultando os esforços de recuperação do país depois do terremoto de 11 de março.
É possível que alguns navios já estejam evitando Tóquio em função do medo da exposição de tripulantes à radiação vinda da usina nuclear de Fukushima, situada 240 quilômetros ao norte da capital.
"Ouvi de agentes locais que alguns navios não estão aportando em Tóquio devido ao medo da radiação. Não sei quantos", disse Tetsuya Hasegawa, gerente operacional da Agência Heisei de Transportes Marítimos, em Tóquio.
PORTOS
Tim Wickmann, executivo-chefe da MCC Transport, uma unidade do grupo dinamarquês petrolífero e de transportes marítimos A.P. Moller-Maersk, disse que algumas linhas mercantes alemãs decidiram não aportar em alguns portos, entre os quais o de Tóquio.
"A última coisa que o Japão precisa agora é que as pessoas o abandonem", disse ele à Reuters.
Os envios de produtos em navios de contêineres para o leste do Japão podem virtualmente parar se as firmas marítimas decidirem que Tóquio, o quarto maior porto do país, for perigoso demais.
"Acho que, nesse caso, as empresas da Ásia vão deixar de enviar cargas para o leste do Japão. Vão conservar suas cargas em vários portos -- Coreia, Taiwan ou outros portos próximos", disse Wickmann.
ÁGUA CONTAMINADA
Quase duas semanas após o desastre, a terceira maior economia mundial enfrenta a ameaça de vazamentos de radiação, e os 13 milhões de habitantes de Tóquio foram orientados a não dar água de torneira a bebês.
Funcionários da Associação de Armadores do Japão e outras firmas de transportes marítimos não puderam confirmar que navios estejam sendo desviados para longe de Tóquio.
A MCC Transport continua com as operações normais de suas quatro linhas de navios de carga para o Japão.
"Enquanto as autoridades considerarem que o porto é seguro, queremos continuar. Mas, se você tem uma tripulação que se recusa a trabalhar no navio, o que fazer?", disse Wickmann.
A maior parte da infraestrutura portuária do Japão escapou ilesa do terremoto, mas 15 portos ficaram gravemente danificados. O ministro dos Transportes disse na quarta-feira que 12 desses portos já podem ser usados em esforços de recuperação e uso geral.

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