CALANGOTANGO não é um blog do mundo virtual. Não é uma opinião, uma personalidade ou uma pessoa. É a diversidade de idéias e mãos que se juntam para fazer cidadania com seriedade e alegria.

Sávio Ximenes Hackradt

6.3.11


Sociedade, Meio Ambiente e Cidadania
Marígia Tertuliano - Profª da UNP
A máscara mascara o sujeito.
Neste texto, credito o termo máscara aos trotes; mascara as atitudes inconseqüentes dos jovens universitários.
Em Natal vemos muitos caras mascarados, nos sinais de trânsito, “comemorando” a passagem no vestibular, completamente bêbados, fazendo algazarras com seus possantes, num total desrespeito às liberdades individuais, além de vestirem-se de pedintes - enaltecendo a miséria humana.
A partir daí pergunto: em que está ajudando as máscaras usadas pelos adolescentes, nas comemorações pela passagem nos vestibulares, quando em trotes, cometem absurdos em nome de uma suposta liberdade e ainda ridicularizam as Instituições?
Como as famílias estão vendo essas farras, que muitas vezes, são estendidas a outros locais, provocando acidentes e incitando à violência? Os pais têm idéia do que os filhos estão fazendo nas ruas e quais as suas condutas?
Estamos vivenciando a apoteose da individualidade e com ela criando mitos, em espaço ou grupos, para que estes sejam postos como exemplos. Compreender as atitudes dessa garotada é entender o vendaval que estamos vivendo: valores éticos e morais sendo questionados, assim como o papel da família. Nesse sentido, maquiar a realidade está sendo uma forma de conviver com esses novos padrões, emanados de um novo padrão de consumo, que serão seguidos e enaltecidos por grupos, como resultado de uma sociedade seletiva e excludente.
Sem entender esse momento, não faremos dos desses meninos inconseqüentes, sujeitos partícipes do processo, mas reprodutores de padrões pré estabelecidos pela sociedade do consumo, que prima pela forma padronizada de agir, de vestir, de comportar-se no mundo globalizado e que está levando o jovem ao desconhecido. Muitas vezes à violência, às drogas, ao silêncio, a exclusão.
Os trotes, nesse sentido, para muitos, torna-se instrumento de inclusão à custa de muita ridicularização; perda dos sentidos das palavras respeito e privacidade. O que observamos hoje nas capitais e cidades de médio e grande porte é o total desrespeito ao ser humano, nessas manifestações, em um momento que se briga pelos direitos.
Concordo com o Emir Sader quando afirma: “o pensamento único encara conhecimento e realidade com os dogmas intocáveis. O pensamento crítico pensa a realidade com o movimento permanente”.
Entender a realidade e construir sujeitos que tomem as rédeas de sua vida é uma construção a ser realizada em longo prazo. Por isso, não entendo por que continuar com essas práticas.
Assim, acredito que em terra onde há mais caras, as máscaras devem ser substituídas por ações verdadeiras. Por que não realizam trabalho voluntário nas Instituições filantrópicas?
Vamos refletir sobre esta prática. Não vale à pena continuar com esse tipo de comemoração.
Vamos deixar as máscaras de lado e usar máscaras apenas, para brincar o Carnaval.
A sociedade precisa de muito mais. Muito mais, Caras.
Viva Momo!

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