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Sávio Ximenes Hackradt

23.3.11


A radiação por iodo chegou nesta quarta-feira ao dobro do recomendado na capital do Japão, Tóquio, e as autoridades pediram que as crianças não bebam mais a água de torneira. A recomendação causa medo entre os japoneses, após detecção de radiação em leite, vegetais e na água do mar da região próxima à usina nuclear de Fukushima Daiichi.
Folha de São Paulo e Agências de Notícias
Com os temores de uma ampla contaminação por radiação dos alimentos cada vez maiores, os avanços nos esforços para conter o superaquecimento dos seis reatores da usina ainda são lentos.
Depois de toneladas de água lançadas nos reatores para esfriar a piscina de contenção do combustível nuclear usado, uma nuvem de fumaça negra saía nesta quarta-feira do reator número 3, o que obrigou a retirada dos funcionários, anunciou a Tokio Electric Power (Tepco), que administra o local.
A crise nuclear e a devastação causada pelo terremoto de magnitude 9 do último dia 11, seguido por um tsunami, pode ser o desastre natural mais caro do mundo. O governo japonês estimou que a reconstrução do país deve custar até US$ 309 bilhões.
Mas antes da reconstrução, as equipes continuam a busca por vítimas sob os escombros na área devastada. O último balanço da Polícia Nacional indica que mais de 9.400 pessoas morreram e mais de 14.700 estão desaparecidos.
Na capital Tóquio, onde moram cerca de 13 milhões de pessoas, as autoridades detectaram uma concentração de iodo de 210 becquerel por quilo na usina de Kanamachi --que abastece as regiões central e oeste da capital japonesa. O nível é mais que o dobro do limite de 100 becquerel por quilo considerado seguro para as crianças com menos de um ano.
O governo recomendou assim que as crianças de 23 bairros do centro da capital e outros cinco distritos vizinhos (Musashino, Machida, Tama, Mitaka e Inagi) não consumam água de torneira.

A água ainda é segura para os adultos, para quem o limite de iodo é de 300 becquerel por quilo. Mas o temor já se espalhou e os japoneses estão em uma corrida por água mineral nos supermercados --onde o produto está sendo racionado.
"É muito assustador. É como um ciclo vicioso negativo do desastre nuclear", disse Etsuko Nomura, mãe de duas crianças com 2 e 5 anos. "Nós temos leite contaminado e agora água de torneira em Tóquio. Eu fico pensando o que vem a seguir".
As crianças são especialmente vulneráveis ao iodo radioativo, que pode causar câncer de tireoide. Os limites, contudo, se referem ao consumo prolongado da água ou alimento contaminado e as autoridades pediram calma. A orientação é que não se dê mais água de torneira aos bebês, mas não há risco se eles consumiram pequenas quantidades.
"Mesmo se você beber esta água por um ano, não afetará a saúde das pessoas", disse o porta-voz do governo, Yukio Edano.
Especialistas dizem que o iodo-131 se dissipa rapidamente no ar, com metade dele desaparecendo a cada oito dias.
O prefeito de Tóquio, Shintaro Ishihara, pediu "calma" e indicou que as autoridades sanitárias de Tóquio estão medindo a qualidade da água da capital de forma constante.
No último sábado, o governo japonês havia reconhecido que detectara indícios de iodo radioativo na água de Tóquio e em seus arredores, embora em níveis muito abaixo do limite legal.
Nesta quarta-feira, o Executivo japonês recomendou que não sejam consumidas verduras como espinafre, brócolis e couve produzidas na província de Fukushima, onde está localizada a usina nuclear na qual se luta para conter o vazamento radioativo desde o terremoto do dia 11.
Além disso, foi pedido que a população não consuma leite e salsinha da província vizinha de Ibaraki devido a níveis de radiação superiores ao normal. Segundo indicou em entrevista coletiva Yukio Edano, porta-voz do Executivo japonês, se trata de uma medida de precaução.
FUMAÇA
Na usina de Fukushima, os técnicos enfrentam dificuldade de conter as altas temperaturas e pressão nos reatores.
Os técnicos que trabalhavam no reator 3 foram retirados da região nesta quarta-feira devido a uma fumaça preta que começou a sair dessa unidade, uma das mais afetadas pelas explosões da semana passada.
Por volta das 16h30 (4h30 de Brasília), uma espessa fumaça preta foi vista saindo do danificado reator 3 da usina. A operadora disse não saber a origem.
"Não sabemos se a fumaça sai do edifício que protegia a turbina ou da área de confinamento do reator", declarou um porta-voz da Tepco.
Esta é a segunda vez em dois dias em que é observada fumaça escura saindo do reator 3, o que indica, segundo os especialistas consultados pela emissora de TV NHK, que não se trata de vapor d'água.
A unidade 3 é uma das mais perigosas, porque funciona com uma mistura de urânio e plutônio, mais difícil de controlar.
Na noite de terça-feira, os operários da central conseguiram restabelecer a eletricidade do painel de controle da unidade, o que permitiria iniciar algumas funções internas e medir a temperatura e a pressão da instalação.
A região foi afetada ainda por um terremoto nesta quarta-feira. No entanto, não havia informações imediatas de novos danos.
O sismo desta quarta-feira tinha magnitude de 4,7 e profundidade de 10 quilômetros, informou a agência meteorológica do Japão.
VÍTIMAS
Em meio à crise nuclear, o Japão registra 9.408 mortes confirmadas pelo terremoto e tsunami que devastou o leste do país. Além disso, 14.716 pessoas estão oficialmente desaparecidas e 2.746 ficaram feridas.
Milhares de refugiados estão abrigados em instalações provisórias.
O governo japonês, no entanto, teme um aumento do número de vítimas.
Este é o maior desastre natural ocorrido no Japão desde o terremoto de Kanto em 1923, no qual morreram 142.000 pessoas.

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