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Sávio Ximenes Hackradt

30.8.11


Portal Vermelho
O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou ontem uma Nota Técnica sobre a crise econômica mundial em que sugere a expansão dos gastos públicos e do crédito para contornar os impactos recessivos das turbulências internacionais.
A posição contrasta com a política econômica do governo Dilma coincide com as das centrais sindicais e contrasta claramente com a do governo, que aparentemente se rendeu à pressão das forças conservadoras ao anunciar nesta segunda-feira, 29, um aumento de R$ 10 bilhões na meta do superávit primário para este ano.
Crise é desdobramento de 2007
Os economistas do órgão que assessora o movimento sindical consideram que a crise atual não é uma novidade, mas um desdobramento lógico da recessão iniciada no final de 2007 nos Estados Unidos, que “teve o seu momento mais agudo, até aqui, ao longo do segundo semestre de 2008”.
Os governos das potências capitalistas reagiram à tormenta intervindo fortemente nas economias para resgatar o sistema financeiro, mas o desemprego continuou elevado e a recuperação foi pífia, de modo que o globo hoje se defronta com a possibilidade de uma recaída na recessão.
Intervenção ineficaz
Até 2009, de acordo com dados colhidos pelo Dieese, o Reino Unido despejou o equivalente a 74% do PIB nessas operações, os Estados Unidos 73% (incluindo emissão de moedas pelo Federal Reserve) e a chamada zona do euro 18%.
Um dos resultados desta política, aparentemente contraditória com a ideologia do Estado mínimo, foi a explosão do endividamento e das crises fiscais. Houve uma espécie de estatização da crise financeira, com os prejuízos da banca se transformando em dívida pública.
A intervenção, porém, não foi feita para proteger os trabalhadores, ampliar a oferta de emprego, impedir a contração do consumo e estimular os investimentos produtivos. Foram gastos estéreis em defesa dos bancos e banqueiros e voltados para o capital fictício, que se reproduz fora e muitas vezes em oposição ao setor produtivo.
Ajustes recessivos
A reação agora tem um sentido oposto: ajustes fiscais radicais que deprimem as atividades produtivas e podem desembocar numa nova recessão mundial.
O Brasil foi fortemente afetado pela crise em 2008, mas as medidas adotadas pelo governo Lula (redução do superávit primário, desoneração fiscal para o setor produtivo e ampliação do crédito, entre outras) lograssem uma rápida reversão das perspectivas e recuperação da economia nacional.
Forte inflexão
Hoje, o país continua vulnerável às turbulências internacionais irradiadas pelas potências capitalistas (especialmente EUA e UE), embora existam “condições melhores para uma reação do Brasil, dado o volume de reservas maior e certa desaceleração do ritmo da atividade econômica do país, que poderia abrir espaço para sua expansão”.
Entretanto, pondera o órgão, “para viabilizar essa reação, o atual governo precisaria fazer uma forte inflexão no discurso do ajuste fiscal que tem expressado desde o início desse ano, em linha com as políticas que, aplicadas na Europa e EUA, têm empurrado o mundo para o acirramento da crise. Ou seja, seria necessário retomar as políticas de ampliação do crédito e do gasto público para impulsionar os investimentos. E deveria, principalmente, executar uma política industrial fortemente articulada com a gestão macroeconômica e entre os vários elos da cadeia de produção, a fim de reduzir nossa elevada dependência do setor primário e evitar a queda da produção, da renda e do emprego no país”.
O Dieese também aponta “algumas novidades importantes”, que sugerem “novas possibilidades de enfrentamento desse cenário adverso. Nesse sentido, chamou a atenção a criação, no último dia 12 de agosto, do Conselho de Economia e Finanças da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), como um importante espaço autônomo de articulação de políticas regionais de enfrentamento da crise e, mais do que isso, um instrumento no sentido de reagir à crise aprofundando a integração regional sul-americana”.

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